10 de agosto de 2016
Estudo sobre zika revoluciona divulgação de dados, mas é criticado eticamente por usar macacas, EUA
A equipe chefiada pelo doutor David H. O'Connor, diretor do departamento de doenças infecciosas globais do centro de primatas, vem realizando um experimento único em termos de transparência científica. A tática pode prenunciar a evolução de novas maneiras de reagir a epidemias de rápida disseminação.
O'Connor e colegas vêm infectando macacas grávidas com o vírus da zika, registrando minuciosamente seus sintomas, além de realizar exames de sangue e de ultrassom. Só que, em vez de reservar os dados para periódicos acadêmicos, os pesquisadores os publicam quase que imediatamente em um site acessível a todos.A abertura do processo entusiasma os cientistas, para quem isso estimula a colaboração e acelera a pesquisa.
Precisa testar em animais?
Ao mesmo tempo, a abertura de O'Connor expôs algumas das exigências mais macabras da pesquisa científica.Ativistas dos direitos animais estão aborrecidos com a realidade brutal do processo de infectar as macacas e dissecar seus filhotes. Para eles, esse trabalho é desnecessário porque os cientistas já aprenderam bastante tirando sangue de mães humanas infectadas pelo zika e dissecando fetos humanos que morreram no útero ou foram abortados.
"Para começo de conversa, nós questionamos se esse trabalho precisava ser feito", afirma Kathy Guillermo, vice-presidente do grupo Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (Peta, na sigla em inglês), que rejeita pesquisa médica em animais.
No começo do mês, a 827577 foi anestesiada e seu bebê nasceu por cesariana. O filhote foi então dissecado, para que 60 tecidos diferentes pudessem ser examinados. O laboratório publicou a menor descrição possível dos resultados."Se eles quiserem ser completamente transparentes, deveriam mostrar tudo. Deveriam transmitir 24 horas como os macacos vivem, como morrem, a cesariana, a eutanásia dos bebês e o que acontece com seus corpos", argumenta Kathy.
Com seus grandes olhos castanhos e pele rosada, os macacos têm rostos muito humanos, e Kathy disse esperar que exibir o processo inteiro repelisse visitantes suficientes para fazê-los se opor à pesquisa. O'Connor reconheceu que a patologia "envolve determinada quantidade de sangue".
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