12 de agosto de 2016
ONU critica abusos a refugiados na Austrália; Londres
Frequentemente criticadas pela ONU, as políticas de imigração da Austrália voltaram a ser colocadas em xeque ontem,11, com a publicação de mais de duas mil denúncias de maus-tratos apresentadas por imigrantes e requerentes de asilo detidos quando tentavam chegar de barco ao país, e enviados para Nauru, um pequeno país-ilha no Pacífico. Os casos, publicados pelo jornal “The Guardian”, incluíam abusos sexuais, agressões e tentativas de ferimentos autoinfligidos, num período de dois anos. E mais da metade deles envolve crianças.
Após a publicação, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e organizações de direitos humanos também voltaram a cobrar uma ação do governo: “Os documentos publicados são geralmente consistentes com preocupações antigas do Acnur sobre a saúde psiquiátrica e condições gerais de refugiados e requerentes de asilo em Nauru”, disse o Acnur, em nota.
Já 26 ex-funcionários da ONG “Save the Children” divulgaram um comunicado conjunto dizendo terem recebido muitos dos relatórios divulgados. Na nota, advertiram que os documentos são “apenas a ponta do iceberg”. Cerca de 450 pessoas vivem atualmente no centro, sendo 338 homens, 55 mulheres e 49 menores. Mas, se as crianças representam menos de 20% dos detidos em Nauru, os novos documentos vazados pelo diário britânico mostram mais uma vez que elas são as principais vítimas.
Foram relatados 59 casos de agressões a menores no período, e sete de abusos sexuais. As denúncias também apontam 30 incidentes de ferimentos autoinfligidos contra crianças e 159 de tentativas de ferimentos envolvendo menores.
Ainda de acordo com o diário britânico, a empresa de segurança global contratada para proteger os requerentes de asilo deixou de revelar pelo menos 16 casos de violência sexual e abuso infantil ao Parlamento australiano. À época, o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, disse estar “profundamente chocado” com as denúncias e prometeu um inquérito para avaliar práticas prisionais de seu país. O governo, por sua vez, afirmou que estava tentando verificar se a polícia de Nauru confirmava os relatos.
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