15 de agosto de 2016
Defensoria diz que Rio passou por "limpeza" de moradores de rua do Centro
As denúncias de constrangimentos e violência contra moradores de rua na região do Centro do Rio de Janeiro cresceram 60% nos meses de março a julho deste ano, de acordo com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. O órgão diz que as ações se intensificaram com a proximidade da Olimpíada, em uma prática considerada “higienista”.
Segundo o padre Adailson Santos, coordenador de um projeto que oferece comida e agasalho à população de rua no Centro do Rio, desde o fim de julho os moradores do local foram retirados da rua e levados para abrigos distantes daquela região. Para Santos, a retirada estaria relacionada a uma ação de "limpeza" na Lapa, bairro boêmio e turístico e que reúne vários albergues, orquestrada pela prefeitura para a Olimpíada. “Posso falar concretamente que ouve um esvaziamento. Essas pessoas foram retiradas das ruas, levadas a abrigos distantes, muitas vezes, até a força”, disse à Agência Brasil.
Integrante de um grupo de defensores da União e das comissões de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da Câmara Municipal, a defensora pública Carla Beatriz Nunes Maia diz que os moradores são obrigados pelo poder público a ir para abrigos. “Quem não é compulsoriamente levado [a abrigos], não permanece [na rua], se recolhe, se esconde, tem medo. Porque, além de ser levado à força, é agredido, tem todo o patrimônio, geralmente, um papelão para o frio, uma muda de roupa e os documentos, confiscados”, disse.
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