30 de agosto de 2016
Negligência na prevenção compromete combate a dsts
Entre os preocupantes resultados captados pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada pelo IBGE com dados relativos a hábitos de adolescentes, o que diz respeito à negligência dos jovens com a prática de sexo seguro encontra relação direta com o aumento das taxas de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) no país, como a aids.
A pesquisa indica que, na faixa de estudantes entre 13 e 15 anos que já tiveram experiência sexual, o uso de preservativos despencou quase dez pontos percentuais, de 75,3% em 2012 para 66,2% ano passado. Esse resultado não é a causa única, mas por certo uma das fontes de pressão sobre um novo e inquietante perfil da proliferação do vírus hiv no Brasil. Segundo a UNAids, agência da ONU para o combate à aids, depois de um período de queda, o número de pessoas infectadas no país voltou a crescer entre 2010 e 2015.
Os dados também indicam que o país falha nas políticas de prevenção e, principalmente, em campanhas de esclarecimento sobre as complicações da Aids, ainda mortal apesar dos avanços no campo da terapêutica, e outras variações de doenças. A pesquisa reflete, sobretudo, uma grave leniência do poder público com programas de informação voltados para jovens ainda em formação, nas escolas e outros centros responsáveis por orientação sobre hábitos, entre eles os relacionados a cuidados com a saúde.
A evolução de técnicas de tratamento e os coquetéis de drogas prolongam a sobrevida de pacientes, mas também levam à falsa ideia de que a Aids se cura com remédios. Esse é um tipo de pensamento crescente. Jovens que não testemunharam no último quarto do século passado os horrores de doentes levados à degradação física e, em seguida, inexoravelmente à morte não têm a dimensão dos riscos que correm. Cabe aos organismos do poder público retomar as campanhas de prevenção e esclarecimento, que deram certo a ponto de fazer reverter os índices de contaminação - e que são cruciais para o país voltar a conter as doenças sexualmente transmissíveis.
Fonte: O Globo