20 de setembro de 2016
Instituição britânica é criada para prevenir aparecimento de epidemias
Uma nova organização pretende ser um centro de pesquisa e desenvolvimento de vacinas para combater doenças virais.
A instituição tem a finalidade de proteger os seres humanos contra surtos inesperados de doenças provocadas por vírus.A prevenção é fundamental para evitar epidemias. Mas como agir quando é um acontecimento inesperado, como no caso da febre hemorrágica ebola, que começou na Guiné em dezembro de 2013? A epidemia se disseminou com rapidez para a Libéria e Serra Leoa. Durante mais de um ano cerca de 29 mil pessoas foram infectadas e mais de 11 mil morreram.
O mundo reagiu a esse surto epidêmico com o envio de médicos, enfermeiras e equipamento médico. Mas não pôde enviar uma vacina para provocar a formação de anticorpos contra o agente infectante do vírus ebola, que seria a maneira mais eficaz para conter a disseminação da epidemia. Por fim, essa vacina foi produzida, mas quando seu uso foi aprovado, a epidemia já tinha sido erradicada. Se tivesse sido aplicada desde o início a evolução da doença teria sido diferente.
Com o objetivo de prevenir novas epidemias de doenças infectocontagiosas, em 31 de agosto a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Cepi) foi criada em Londres, na sede da Wellcome Trust, uma organização sem fins lucrativos dedicada à pesquisa na área biomédica. A nova instituição, um projeto em conjunto da Wellcome, da Fundação Bill e Melinda Gates, do Fórum Econômico Mundial e do governo da Noruega, tem a finalidade de proteger os seres humanos contra surtos inesperados de doenças provocadas por vírus.
Apesar da aparente contradição, a inspiração para a criação da Cepi não foi o fracasso em produzir a tempo uma vacina contra o vírus ebola, mas sim a existência de protótipos da vacina prontos para serem desenvolvidos no momento do surto da epidemia. O processo de criação de uma vacina é muito complexo, mas no caso do vírus ebola havia vários protótipos de vacinas desenvolvidos pelo Exército dos Estados Unidos e pelo National Institutes of Health dos EUA. Três empresas da indústria farmacêutica, GlaxoSmithKline, Johnson & Johnson e Merck, interessaram-se em testar, desenvolver e comercializar o mais rápido possível uma vacina para proteger os seres humanos contra o vírus ebola.
Os laboratórios farmacêuticos testaram com êxito a vacina em julho de 2015, um feito considerado extraordinário pelos padrões da pesquisa biomédica. Agora, a vacina poderá ser usada em futuros surtos da doença, que dizimou milhares de pessoas na África Ocidental. Segundo especialistas em saúde, se uma iniciativa espontânea da indústria farmacêutica teve um resultado tão surpreendente, uma abordagem sistemática poderia acelerar ainda mais as pesquisas de combate ao vírus.
A Cepi pretende criar um centro de pesquisa e desenvolvimento de vacinas de combate ao maior número possível de doenças virais, que não atraem o interesse comercial das grandes empresas da indústria farmacêutica, como febre de Lassa, febre hemorrágica de Marburg, Mers, a síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio, a síndrome respiratória aguda (Sars), a febre de Nipah e a febre do Vale do Rift. As pesquisas não incluem vacinas contra dengue e gripe.
A próxima etapa é de arrecadação de recursos em órgãos do governo, organizações sem fins lucrativos e instituições que ajudaram a fundá-la. A Cepi pretende também contar com a ajuda de pesquisadores de empresas farmacêuticas e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Se conseguir alcançar seus objetivos básicos, a Cepi começará a funcionar em 2017. A partir desse momento, a ameaça das epidemias causadas por vírus começarão a ser combatidas de forma mais sistemática e eficaz.
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