21 de setembro de 2016
Uma em cada três pessoas diz que estupro é culpa da vítima, diz pesquisa
A pesquisa mostrou um resultado preocupante: um em cada três brasileiros acredita que a culpa do estupro é da própria vítima. O Brasil registra 50 mil casos de estupro por ano.
Roupa curta? Blusa decotada? 3.625 mil pessoas em todo país responderam se concordavam ou não com a afirmação feita pelo Datafolha no começo de agosto: “a mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada" – 30% dos entrevistados concordaram com essa afirmação.
A pesquisa foi encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma Organização Não Governamental (ONG). Segundo a pesquisa, a crença de que o jeito de se vestir influencia o estupro é maior entre as pessoas com mais de 60 anos e que cursaram apenas o ensino fundamental.
A pesquisa também mostrou que 85% das mulheres temem sofrer a violência. O medo é maior no Norte e no Nordeste. O Brasil tem quase 50 mil casos de estupro por ano, e ainda tem muita gente que continua dizendo que a culpa por ter sido estuprada é da própria vítima.
Segundo dados, 42% dos homens concordam com a afirmação de que "mulheres que se dão ao respeito não são estupradas" e, ainda o mais alarmante, são os 32% das mulheres entrevistadas que também concordam com essa frase.
“Vem de uma cultura de desigualdade de gênero muito grande que a gente precisa enfrentar. Vem de representações de masculinidade que estão associadas a virilidade, ao poder, a competição, agressividade que também precisa mudar, quando a gente tem vítima, a gente tem agressor, a gente também precisa olhar quem são esses agressores”, diz a coordenadora do fórum, Olaya Hanashiro.
A delegada de combate à Violência Sexual de Belo Horizonte, Luciana Libório, lembra que a culpa nunca é da vítima. "A mulher precisa compreender que ela é livre para expressar sua vontade, seu pensamento, seu desejo. Quem precisa aprender a respeitar essa liberdade é o agressor".
A conscientização das crianças é o caminho apontado por 90% das pessoas que afirmam que é preciso ensinar os meninos a não estuprar. “É um reconhecimento da esfera da família como da escola como espaço capaz de fazer essa transformação que a gente precisa”, fala Olaya.
“Tem que ter mudança de paradigma mudança de ideias, principalmente vindo dos homens”, diz o músico Estevão Henrique Ramos.
“A mulher tem direito de se vestir, de trabalhar, de ir onde quiser do jeito que quiser e deve ser respeitada como ser humano”, diz a professora aposentada Fátima Alves. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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