Pesquisadores do Instituto Evandro Chagas, no Pará, e das Universidades Federal do Rio e UniRio descobriram que uma proteína do leite pode ajudar no combate ao vírus da zika e da febre chikungunya.

REPÓRTER FABIANO VILLELA: A proteína usada na pesquisa é bem conhecida pelos cientistas, a lactoferrina. Já se sabia que ela protege nosso organismo contra infecções por bactérias, por exemplo. Mas há um ano, pesquisadores começaram a testá-la contra os vírus da zika e da chikungunya. Eles usaram células de macaco cultivadas em laboratório como hospedeiros de amostras da proteína e dos vírus. Os cientistas fizeram os testes em três situações: antes da infecção, no primeiro contato dos vírus com as células e depois que eles se instalam. Nos três casos, a lactoferrina conseguiu reduzir a infecção pelos vírus em até 80%. É como se de cada dez vírus, oito fossem bloqueados pela proteína.

PESQUISADOR DO INST. EVANDRO CHAGAS/CARLOS CARVALHO: Nós observamos que a proteína também é capaz de inibir a multiplicação do vírus dentro da célula infectada. Então, ele tem também esse potencial de atacar a infecção mesmo depois de ela já ter sido estabelecida na célula.

REPÓRTER FABIANO VILLELA: A lactoferrina está presente na saliva, na lágrima, no leite de vaca e principalmente no leite materno. Segundo os pesquisadores, beber leite simplesmente não poderia prevenir ou tratar uma infecção de zika e chikungunya, porque, nesse caso, a quantidade de proteína que a gente ingeriu não seria suficiente para um possível combate a esses vírus. A próxima etapa do estudo é justamente chegar a uma dosagem ideal da lactoferrina e de que forma ela seria aplicada nos primeiros testes em animais.

O Ministério da Saúde registrou 197 mil casos prováveis de zika e 216 mil de febre chikungunya até agosto deste ano no Brasil. Os testes com proteína do leite são mais uma esperança para combater essas doenças.

Fonte: Jornal Nacional