05 de outubro de 2016
Em cobaias, vacinas previnem “microcefalia” em filhotes infectados com zika, EUA
Estratégia mostra que proteína utilizada foi capaz de induzir imunidade. Testes agora precisam ser replicados em seres humanos.
Duas vacinas em teste contra o vírus zika desenvolvidos na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, conseguiram proteger fetos de ratos das alterações neurológicas causadas pelo vírus – a “microcefalia”, como ficou conhecida primeiramente as anomalias no Brasil. O feito foi publicado na EBioMedicine, uma revista associada à Cell Press e ao “The Lancet”.
A estratégia foi fazer com que a imunidade da mãe chegasse ao filhote. Uma das vacinas utilizou uma microagulha para fornecer o princípio ativo logo abaixo da superfície da pele através de pequenos cristais que se dissolvem. A outra vacina utilizou um tipo de vírus da gripe – um adenovírus – modificado.
A pesquisa separou as cobaias em três grupos: um que recebeu a primeira vacina, outro que recebeu a segunda e um terceiro que recebeu uma solução salina sem o imunizante.
Exames de sangue foram realizados a cada duas semanas após a vacinação. A imunidade foi conseguida seis semanas depois com a vacina de microagulha e duas semanas depois com a vacina do vírus da gripe modificado.
Cinco semanas após a imunização as cobaias fêmeas foram acasaladas com machos que não tomaram a vacina. Seus filhotes foram, então, infectados com o zika. Os resultados foram os seguintes:
Quanto à sobrevivência:
- Na vacina com o vírus da gripe modificado, todos os filhotes sobreviveram à infecção;
- No imunizante com as microagulhas, metade sobreviveu;
- Apenas 12,5% dos ratinhos que receberam solução salina sobreviveram.
Quanto aos danos neurológicos:
- Na vacina com o vírus da gripe modificado, nenhum filhote apresentou problema neurológico significativo;
- No imunizante com as microagulhas, cinco apresentaram problemas neurológicos;
- Todos os ratinhos que receberam a solução salina apresentaram danos neurológicos, incluindo a perda de equilíbrio, fraqueza muscular e paralisia.
Embora a vacina do vírus da gripe alterado tenha funcionado muito bem nas cobaias, pesquisadores esclarecem que ela foi usada só para testar a potência do vírus modificado. O método não funcionaria em seres humanos.
A grande maioria de nós “neutralizaria” a vacina porque já tivemos muito contato com o vírus da gripe. É como se o nosso sistema de defesa entendesse que “não precisa desenvolver anticorpo”.
Apesar de promissores, os testes foram feitos em cobaias e outros estudos são necessários para ver se a estratégia vai funcionar em humanos. Por enquanto, cientistas vão utilizar esse conhecimento obtido para tentar aumentar a potência do imunizante.
O aprendizado aqui, diz o estudo, é que a proteína utilizada para modificar o vírus da gripe mostrou potencial. O desafio agora está em fazer com que o corpo humano a reconheça.
http://brasileiros.com.br/2016/10/em-cobaias-vacinas-previnem-microcefalia-em-filhotes-infectados-com-zika/