26 de outubro de 2016
Ibama: obras para contenção da lama em Mariana estão atrasadas; Presidente do instituto concede coletiva na manhã desta terça-feira,24
Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, 25 a presidenta do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Suely Araújo, afirmou que as obras da mineradora Samarco para contenção da lama que vaza da barragem de Fundão, em Mariana, estão atrasadas. A entrevista, na sede do instituto, em Belo Horizonte, aborda os trabalhos do instituto e do Comitê Interfederativo, que reúne autoridade de órgãos ambientes, além dos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, para definir ações sobre o desastre.
“De forma geral observou-se que a maior parte das recomendações feitas anteriormente não foram plenamente cumpridas pela empresa. O alto número de locais que necessitam de ações ainda sem nenhuma intervenção de conservação do solo (71%), drenagem (62%) e contenção (53%) é preocupante. Tais intervenções são essenciais para a contenção dos sedimentos e para impedir futuro carreamento dos rejeitos para os corpos hídricos”, afirma um dos pontos abordados na conclusão do Relatório Fase Argos Operação Áugias — a operação foi concebida após a realização da vistoria realizada pelo Ibama em abril de 2016 nas áreas mais impactadas pelo rompimento da Barragem de Fundão em Mariana.
No documento, o órgão afirma que as ações realizadas são “insuficientes para garantir uma significativa contenção dos rejeitos depositados nas margens dos rios”. O Ibama cita a elevada quantidade de locais com processos erosivos como consequência da falta de ações da empresa, após o acidente. “O reflexo da falta de ações é claramente observado na alta quantidade de pontos com processos erosivos. Foram constatados processos erosivos em 92% dos locais vistoriados, sendo a formação de ravinas o impacto mais expressivo (87% dos pontos), seguido da erosão laminar (78%)”.
O período chuvoso aumenta a preocupação do instituto. “O período chuvoso que se iniciou irá, certamente, agravar esta situação e o resultado da inação da empresa no período de estiagem resultará em um significativo carreamento de sedimentos para os rios”. Entre as obras previstas está a construção do Dique S4, em Bento Rodrigues. Segundo a presidente do instituto, este dique é um “pedacinho” da gestão dos rejeitos. Apesar do atraso, Suely disse que as obras previstas serão suficientes para estancar o vazamento.
Fonte: O Globo Tempo Real