26 de outubro de 2016
Cobertura de exames para diagnóstico de zika no Brasil é destaque em conferência internacional nos EUA
Entre os dias 27 e 30 de setembro, médicos, pesquisadores e lideranças da Saúde de todo o mundo estiveram reunidos no principal evento de diretrizes médicas do mundo: o “Guideline International Network” (G-I-N). Neste ano, a conferência aconteceu na Philadelphia (EUA) e teve como um dos destaques o pôster sobre a inclusão dos exames para diagnóstico de zika na cobertura obrigatória dos planos de saúde no Brasil. O trabalho foi apresentado por Maria Elisa Pazos, pesquisadora da Amil que participou do grupo técnico da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que definiu as diretrizes para a incorporação dos testes no Rol da agência.
Especialista em medicina baseada em evidências, Pazos apresentou aos participantes do evento o caminho percorrido pelo grupo técnico instaurado pela ANS para chegar às recomendações clínicas e à identificação do grupo de risco que teria direito à cobertura dos exames. O cenário da epidemia de zika em nível mundial e sua relação com má formações congênitas no sistema nervoso central foram o ponto de partida da apresentação.
A médica destaca que um dos grandes desafios da doença ainda é a falta de precisão nos exames atualmente disponíveis. “A sorologia atesta positivo para uma gama de doenças, então não é possível confirmar que o paciente teve contato com o vírus da zika especificamente, pois existe uma reação cruzada com outras infecções, como a dengue e a chikungunya, por exemplo. Já o teste molecular (PCR), apesar de ter alta acurácia, só é efetivo se o material for colhido nos cinco primeiros dias de surgimento dos sintomas, e, em muitos casos, a infecção por zika é assintomática. A ciência ainda precisa desenvolver testes específicos”, explica.
A pesquisadora também sinaliza que a melhor forma de prevenção continua sendo a falta de contato com o mosquito, visto que ainda não há medicamentos disponíveis para tratar os efeitos da zika quando o vírus estiver presente no organismo. “Essa é uma doença que não permite intervenção após instaurada, o que a torna ainda mais grave. O aborto não é permitido no país e não existe medicamento que evite as más-formações neurológicas no bebê. Por isso, a principal recomendação ainda é combater os focos do mosquito e tentar evitar sua picada, aplicando repelente nos intervalos adequados e usando roupas que cubram braços e pernas. Como foi comprovada a presença de vírus no sêmen, também é recomendável o uso de camisinha”, instrui.
http://www.segs.com.br/saude/38992-cobertura-de-exames-para-diagnostico-de-zika-no-brasil-e-destaque-em-conferencia-internacional.html