26 de outubro de 2016
ONU planeja ressarcir Haiti pelo surto de cólera
Entidade vinha sendo criticada por introduzir o vírus no país. Surto já deixou pelo menos 9.200 mortos e 770 mil infectados.
Em 2010, o vírus da cólera foi introduzido no Haiti por um soldado de manutenção de paz da ONU contaminado. As precárias condições sanitárias do país pavimentaram o terreno para o alastramento do vírus, gerando um surto crítico que deixou até agosto deste ano 770 mil infectados e 9.200 mortos.
O surto gerou uma onda de críticas à atuação da ONU no país e pedidos pela condenação judicial da entidade. Desde o início, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, rejeitou as críticas, sustentando que a ONU é imune a ações judiciais. Porém, às vésperas de deixar o cargo, ele finalmente cedeu.
Em agosto, a ONU admitiu a culpa pela epidemia e responsabilizou a empresa responsável pelo tratamento dos rejeitos na base onde o soldado contaminado servia. Agora, a dois meses de deixar o cargo, Ban Ki-moon anunciou que a ONU pretende compensar o dano com um pacote de US$ 400 milhões destinados às comunidades afetadas. Ele também pretende seguir com os esforços para cessar a epidemia.
O pacote vai destinar US$ 200 milhões para o fornecimento de materiais de assistência médica. Os outros US$ 200 milhões serão usados nos esforços para acabar com o surto e aprimorar o sistema sanitário do país. Porém, a ONU não tem a receita necessária para o pacote anunciado e continua enfrentando críticas por fugir da responsabilidade judicial por uma das maiores calamidades que o Haiti já enfrentou. Há críticas também ao fato de que a ONU não chegou a pedir desculpas oficiais pela epidemia, que retomou força após a passagem do furacão matthew.
Diplomatas dos EUA na ONU, os maiores financiadores da entidade, não se manifestaram sobre o pacote, nem sinalizaram se pretendem contribuir. Também não está claro se Ban Ki-moon pretende ir além do “profundo pesar” expressado e pedir desculpas oficiais, o que leva a outra pergunta: se ele fizer isso, estaria abrindo caminho para futuras ações judiciais contra a ONU? O plano será [foi] analisado nesta terça-feira, 25, quando Philip Alston, professor da Universidade de Nova York e um dos vários conselheiros de direitos humanos da ONU, apresentará [apresentaram] o pacote para um comitê da Assembleia Geral da ONU.
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