08 de abril de 2015
Leishmaniose : pesquisadores da Fiocruz trabalham para desenvolver vacina

A leishmaniose é considerada uma zoonose (doença de animais), mas que pode acometer o ser humano se ele entrar em contato com o ciclo de transmissão do parasito através da picada dos vetores, os insetos popularmente conhecidos como mosquito-palha. Não existem vacinas disponíveis para humanos. Mas, considerando que a forma cutânea da leishmaniose afeta, segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 28 mil pessoas no Brasil a cada ano, seria muito importante desenvolver uma vacina.
É justamente no desenvolvimento de uma vacina que estão trabalhando pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O estudo, realizado pelo Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas do IOC em parceria com o Laboratório de Imunofarmacologia do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta para o possível desenvolvimento de uma primeira vacina contra a leishmaniose.
A pesquisa é considerada duplamente inovadora: além de usar como modelo de estudo os hamsters dourados, que apresentam um quadro mais semelhante ao que acontece em humanos, foi testada a via de administração intranasal. Publicada na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases, a pesquisa revelou que o antígeno total de Leishmania amazonensis (LaAg) se mostrou eficaz em proteger os animais.
Resultados animadores
Diferentemente do que acontecia com a forma intramuscular de vacinação – que piorava as lesões cutâneas características da doença –, a via intranasal foi capaz de proteger os hamsters. Os pesquisadores observaram que utilizar a via intranasal pode desviar a resposta do organismo para uma resposta protetora. Além disso, a imunização intranasal também se mostrou eficiente com o uso de doses menores do antígeno.
O grupo de hamsters que recebeu a vacina intranasal apresentou total de 74% de animais protegidos total ou parcialmente. Com relação aos animais que manifestaram algum sintoma da doença, os dados também são positivos. Os pesquisadores analisaram as patas dos animais e notaram que 37% dos que receberam vacina intranasal apresentaram lesões menores que 1mm de espessura, consideradas brandas, enquanto essa porcentagem chegou a 22% nos grupos de vacinação intramuscular. Além disso, os animais que receberam imunização intranasal apresentaram números mais baixos de parasitos nas lesões.
Apesar dos resultados animadores, ainda há um longo caminho até a aprovação para uso da vacina em humanos. A estimativa é de que sejam necessários de 10 a 15 anos para o início dos testes com pessoas. O tempo pode parecer longo, mas é necessário para o desenvolvimento seguro e eficiente de vacinas e considerado normal para pesquisas científicas.
(Com informações da Agência Fiocruz de Notícias)