06 de maio de 2015
Hipertensão: tire suas dúvidas e saiba como prevenir e controlar
A hipertensão arterial sistêmica (HAS), chamada simplesmente de hipertensão ou usualmente chamada de pressão alta, é uma condição clínica caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão artéria (PA). A definição pode ser simples, mas a doença não é. Ela frequentemente está associada a alterações funcionais e estruturais dos órgãos como coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de problemas cardiovasculares. Para entender bem o que é HAS, seus fatores de risco e as formas de controle, o Rio Com Saúde entrevistou a Dra. Vânia Luiza Cochlar Pereira, médica da Vigilância de Doenças Crônicas Não transmissíveis (VIGDCNT) da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). Confira!
Rio Com Saúde: O que é hipertensão arterial?
Vânia Luiza Cochlar Pereira: A hipertensão arterial sistêmica (HAS), ou pressão alta, é uma doença que acomete os vasos sanguíneos, o coração, o cérebro, os olhos, e pode causar insuficiência renal. Ocorre quando a medida da pressão arterial (PA) se mantém frequentemente igual ou acima de 140 por 90 mmHg.
RCS: Como se detecta a hipertensão? Quais são os sintomas?
Vânia Luiza Cochlar Pereira: O diagnóstico de HAS deve ser sempre validado por medidas repetidas, em condições ideais (repouso por pelo menos 5 minutos em ambiente calmo; não conversar durante a medida; não estar com a bexiga cheia; não ter praticado exercícios físicos nos últimos 60 minutos; não ter ingerido bebidas alcoólicas, café ou realizado refeições; não ter fumado nos 30 minutos anteriores; estar sentado, com as pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira, braço na altura do coração, palma da mão voltada para cima; e manguito do aparelho adequado ao braço) em pelo menos 3 ocasiões.
Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente quando a pressão sobe muito. Este é um grande perigo, pois gera danos no corpo do indivíduo sem que ele perceba. Daí a necessidade de medir a PA com regularidade, para que o problema seja detectado logo. Os sintomas mais comuns são: dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, podem correr dores ou mal-estar no peito, visão embaçada e sangramento nasal.
RCS: É possível falar em fatores de risco para hipertensão? Quais são eles?
Vânia Luiza Cochlar Pereira: Sim. Essa doença é herdada dos pais num percentual grande dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles: fumo, consumo de bebidas alcoólicas, grande consumo de sal, níveis altos de colesterol, obesidade, estresse e falta de atividade física. Além disso, sabe-se que sua incidência é maior na raça negra, aumenta com a idade, é maior entre homens com até 50 anos, entre mulheres acima de 50 anos e em diabéticos.
RCS: Que males a hipertensão pode gerar no organismo?
Vânia Luiza Cochlar Pereira: Predispõe a ocorrência de doenças cardiovasculares (DCV), como doença cérebro vascular (acidente vascular encefálico hemorrágico ou isquêmico, alteração da função cognitiva), doença cardíaca (infarto do miocárdio, angina de peito, insuficiência caríaca), doença renal (insuficiência renal), retinopatia avançada e doença arterial periférica.
RCS: Como é feito o tratamento e/ou controle da hipertensão?
Vânia Luiza Cochlar Pereira: A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor método para cada paciente, mas além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável: manter o peso adequado, mudando hábitos alimentares; não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos; praticar atividade física regular; aproveitar momentos de lazer; abandonar o fumo; moderar o consumo de álcool; evitar alimentos gordurosos; e controlar o diabetes.
RCS: Quais são, atualmente, os maiores desafios em relação à hipertensão? Como enfrentá-los?
Vânia Luiza Cochlar Pereira: A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle. É um dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde pública. Os maiores desafios, de hoje e de sempre, são: ter a consciência de que o problema pode acontecer conosco e fazer o diagnóstico precocemente. A prevenção e a detecção precoce são as formas mais efetivas de evitar as doenças e devem ser metas prioritárias dos profissionais de Saúde.