17 de maio de 2012
AIDS não tem sexo, raça ou idade
Temida no final dos anos 80 e início dos anos 90, a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) era sinônimo de morte. A descoberta de um tratamento que controlasse a deficiência imunológica causada pela doença trouxe esperança e qualidade de vida para os soropositivos. Apesar da existência de um tratamento que retarda o curso da doença, a AIDS ainda não tem uma vacina ou cura. Os medicamentos usados são agressivos e podem apresentar reações nos pacientes, como enjoo, vômito, febre e cansaço.
Baseando-se nesse tratamento, muitas pessoas esqueceram os cuidados que deveriam ter e acabaram contraindo o vírus HIV – principalmente os jovens, que não vivenciaram a chegada da doença ao país e, por isso, não tinham noção da gravidade e as consequências de ser um soropositivo. Além de conviverem com a doença e seu tratamento, muitas vezes ofensivo, os portadores do vírus ainda precisam enfrentar o preconceito.
De acordo com Nelio Zuccaro, psicólogo da gerência do Programa DST/AIDS, Sangue e Hemoderivados, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), “uma parcela da população ainda acredita que o risco da infecção só atinge determinados grupos específicos de pessoas, e muitos insistem em manter uma concepção de que a AIDS estaria associada a comportamentos promíscuos, libertinos, ilícitos ou ‘pecaminosos’”.
Isto não é verdade. A AIDS não tem sexo, raça ou idade. Não existe um “grupo de risco”. E a comprovação vem de dados recentes: durante a década de 2000, o número de pessoas soropositivas para HIV cresceu muito mais entre mulheres casadas e acima dos 50 anos do que em qualquer outro grupo, passando de 5,2 casos por 100 mil habitantes (em 1997) para 9,9 (em 2007).
Zuccaro lembra que o apoio da família, dos amigos e da sociedade é fundamental no tratamento de um paciente soropositivo. “No estágio do conhecimento científico em que nos encontramos atualmente, uma pessoa vivendo com HIV/AIDS que esteja sob cuidados médicos e de outros profissionais e mantendo uma boa adesão aos tratamentos recomendados já consegue viver uma vida com produtividade e bastante qualidade. A família, os amigos e a sociedade em geral têm um papel importantíssimo neste cenário na medida em que podem funcionar como campos de relação e interação social, fazendo com que a vida seja novamente recodificada e resignificada, proporcionando inclusão social e crescimento da autoestima. Solidariedade, carinho e ajuda para enfrentar os preconceitos e as dificuldades que a condição de soropositivo possa trazer podem funcionar como um ‘remédio’ adicional que são produzidos por essas redes de apoio familiares e sociais”, afirma o psicólogo.
Todos esses fatores justificam o empenho em campanhas de divulgação sobre as formas de contrair o vírus HIV e como evitá-lo. A prevenção ainda é o melhor remédio contra a doença, e a informação combate o preconceito.
Confira a entrevista com Nelio Zuccaro, psicólogo da gerência do Programa DST/AIDS, Sangue e Hemoderivados, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), na íntegra:
Entrevista Nelio Zuccaro