11 de fevereiro de 2016
Síndrome de Guillain-Barré: entenda mais sobre esta doença que pode estar associada à infecção pelo Zika vírus
Além da relação com o aumento dos casos de microcefalia, o Zika vírus pode estar associado, também, a um aumento no número de casos da Síndrome de Guillain-Barré, uma doença do sistema nervoso de caráter autoimune. Mas, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecer que há indícios de aumento de casos da síndrome em regiões afetadas pelo Zika, ela é uma reação rara a agentes infecciosos como vírus (o Zika é apenas um dos que podem desencadear tal reação) e bactérias.
Sintomas
A Síndrome de Guillain-Barré ocorre quando as defesas do organismo são mais intensas do que o necessário e passam a atacar partes do corpo. A doença afeta os nervos periféricos, que conectam o cérebro à medula espinhal, responsáveis por enviar comandos de movimento para o resto do corpo. Manifesta-se quando o sistema imunológico começa a produzir anticorpos contra a bainha de mielina, revestimento isolante que garante o funcionamento dos nervos.
Danos a essa estrutura comprometem a capacidade de movimentação e a sensibilidade diante do calor, dor, texturas e outras sensações. O que explica os principais sintomas da síndrome: fraqueza muscular e paralisia dos músculos. Pode apresentar graus diferentes de agressividade – de fraqueza muscular leve à paralisia total dos membros. Ela pode afetar pessoas de qualquer idade, especialmente adultos mais velhos, e o risco de morte associado à doença é inferior a 10%.
Relação da síndrome com zika
A relação entre a síndrome e a infecção por zika foi detectada pela primeira vez na Polinésia Francesa, durante o surto do vírus entre 2013 e 2014. Naquela ocasião, 74 pacientes com zika apresentaram também sintomas neurológicos ou autoimunes, e 42 (56,7% do total) foram classificados como Guillain-Barré. No Brasil, a relação entre Guillain-Barré e zika foi confirmada no ano passado após investigações em Pernambuco, que como outros estados do Nordeste, apresentou aumento atípico de casos da síndrome.
No mundo, a OMS estima que a incidência anual média de Guillain-Barré no mundo seja de 0,4 a 4 casos por 100 mil habitantes. No Brasil, como a síndrome não é uma doença de notificação compulsória, não há dados nacionais sobre a ocorrência. O governo monitora a situação pelos registros de internações e atendimentos ambulatoriais relacionados à doença, que revelaram aumento nos casos no ano passado em relação a 2014. No entanto, segundo o Ministério da Saúde (MS), não é possível estabelecer se esses casos foram causados pela infecção por zika.
Tratamento
A doença não tem uma cura específica e os tratamentos são voltados a reduzir a gravidade dos sintomas. Procedimentos usados na fase mais aguda da doença são a imunoterapia com troca de plasma - para bloquear os anticorpos que atacam as células nervosas – e a admisitração de imunoglobulina, um anticorpo. A maior parte das pessoas se recupera por completo. Esse processo, contudo, pode levar semanas ou meses, e a síndrome pode provocar deficiências que demandam reabilitação.
(Com informações da BBC Brasil)