A associação do Zika vírus ao aumento no número de casos de microcefalia deixou o país e o mundo em alerta. A preocupação, claro, é maior para as mulheres grávidas que, em meio à expectativa natural de uma gravidez, precisam, agora, conviver com uma ansiedade extra e tomar cuidados de prevenção como o uso de calças e blusas de manga comprida e a aplicação de repelente. Mas e os futuros pais, o que eles pensam e como lidam com tanta preocupação?

“Ter um filho é um presente de Deus, uma felicidade sem igual, com certeza, a maior de todas! Esperei por essa pequena por toda minha vida! Porém, inegavelmente, essa epidemia de zika tornou a gravidez um tanto quanto estressante. O fato de ser um vírus recentemente associado à microcefalia de bebês, sem maiores esclarecimentos e informações, somado a uma série de boatos que foram surgindo e se disseminando rapidamente pela internet, nos deixa, constantemente, preocupados. É muito difícil lidar com o desconhecido”, responde o gerente de projetos Henrique Joffe, que está esperando a chegada de sua primeira filha, Eduarda.

Também à espera do primeiro filho, Rafael, o servidor público federal Thiago Fernandes Monteiro está lidando com sentimentos parecidos. “É nosso primeiro filho, isso já seria o bastante para nos deixar apreensivos, inseguros e ansiosos. Contudo, diante desse fantasma da zika as coisas se complicam. Nós ficamos quase paranoicos, tentando, por todos os meios, fazer este mosquito ficar longe de nossas vidas. Agora não tem como evitar torcer para que este período gestacional passe o mais rápido possível, claro que respeitando os nove meses, para que tenhamos nosso Rafael no colo, saudável e cheio de energia”, diz.

Cuidados

A preocupação se traduz em cuidados práticos. “Insisto para que minha esposa saia toda coberta, com calça e, se possível, blusa de manga comprida. Assim que soubemos da gravidez, fui a uma farmácia e comprei 15 frascos de um repelente específico para gestantes. Em casa sempre procuro fechar as janelas e as portas, verificamos os possíveis focos de água parada. Enfim, entendo que estamos travando uma guerra contra o mosquito, e pra isso eles podem contar muito comigo”, conta Thiago.

O mosquito também é o inimigo a ser combatido por Henrique. “Desde o momento que a gente sabe estar esperando um filho, automaticamente, nos colocamos em segundo plano e nossas prioridades passam a ser todas voltadas para a vida e a saúde dela. Diante da epidemia, nossa maior preocupação é, de fato, a redução à exposição ao vetor transmissor, no caso o mosquito Aedes aegypti. Dessa forma, ao sairmos de casa, estamos sempre nos perguntando se o lugar pra onde estamos indo tem ou não muitos mosquitos, se minha esposa está com repelente em todas as partes expostas do corpo”, relata.

Apoio

Mas, além dos cuidados práticos, os futuros pais procuram, ainda, tranquilizar e apoiar suas esposas. “Ao contrário de mim, ela está sempre lendo e se informando sobre os avanços não só nas pesquisas sobre o vírus, mas também dos casos e seus respectivos efeitos. Devido a isso, o nível de estresse dela é, inquestionavelmente, superior ao meu. Então, nos momentos de maior desespero, sempre tento acalmá-la, reforçando que estamos tomando todas as medidas possíveis, fazendo tudo o que está ao nosso alcance pra proteger a nossa bebê”, comenta Henrique.

Um apoio, sem dúvida, fundamental! “A gravidez não é uma gravidez da mãe, a gravidez é do casal na maioria das vezes, e a participação do pai é fundamental em diversos aspectos. A gravidez é um período de instabilidade e de dúvidas, e a participação do pai neste momento visa, além de tranquilizar a gestante, reforçar as medidas de prevenção e proteção. Isso já tem se mostrado muito eficaz, por exemplo, nos casos de sífilis, que uma das diretrizes é a incorporação do pai neste atendimento materno-infantil. Agora, com a zika, isso é absolutamente fundamental”, confirma Alexandre Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ).