Você já ouviu falar em Saúde do Trabalhador? Uma leitura rápida pode fazer pensar que estamos falando sobre o estado físico de um trabalhador individualmente, mas não é isso. Saúde do Trabalhador é uma área da Saúde Coletiva que busca atuar na relação da saúde e da doença com o trabalho. Ou seja, tem como objetivo promover o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância. A definição pode até parecer complicada, mas na prática a Saúde do Trabalhador busca a redução das doenças, acidentes e óbitos relacionados ao trabalho.

“Em uma sociedade em que o modelo de desenvolvimento busca priorizar a acumulação econômica nos processos produtivos, em detrimento da vida e da saúde, a área de saúde do trabalhador atua priorizando a lógica do trabalhador, buscando promover o direito ao trabalho sem perder sua saúde”, diz Jorge de Almeida Curcio, técnico da Divisão de Saúde do Trabalhador (Dstrab) da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

“Isso é feito por meio do reconhecimento destas doenças com os processos produtivos, buscando intervenções não apenas na recuperação da saúde, mas também na promoção de trabalhos saudáveis. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), todos os trabalhadores e trabalhadoras, formais ou informais, urbanos ou rurais, independentes do vínculo de trabalho, são alvo de atuação desta área”, completa Jorge.

Como é uma área essencialmente interdisciplinar e intersetorial, nela atuam profissionais de Saúde – médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais, veterinários, terapeutas ocupacionais, psicólogos, técnicos de enfermagem – e profissionais de áreas como engenharia, agronomia, sociologia, geografia, estatística, administração, ecologia, biologia e segurança do trabalho, entre outros. Sendo de áreas diversas estes profissionais, claro, atuam de formas diferentes.

Há atividades voltadas, por exemplo, para Vigilância em Saúde, que cuida de doenças e acidentes de trabalho, do meio ambiente e dos ambientes e processos de trabalho. Há, ainda, a assistência à saúde em toda a rede SUS e as ações de proteção social do trabalhador acometido por algum problema relacionado ao trabalho. Também é de responsabilidade da Saúde do Trabalhador a gestão dos serviços públicos, não apenas da saúde, mas em articulação com outros setores (urbanização, saneamento, transporte, gestão de resíduos etc.), além da assessoria e articulação com os movimentos sociais e outros órgãos de controle social.

“A equipe interdisciplinar da Dstrab atua, de forma participativa, na formulação e execução de ações de Saúde do Trabalhador em conjunto com o Centro de Referência Estadual de Saúde do Trabalhador e com ações que têm como alvo os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CERESTs)”, explica Jorge. Os CERESTs têm a função de dar subsídio técnico para o Sistema Único de Saúde (SUS), nas ações de promoção, prevenção, vigilância, diagnóstico, tratamento e reabilitação em saúde dos trabalhadores urbanos e rurais. No estado, há uma rede de 16 CERESTs, um estadual, sediado na capital, e 15 regionais.