07 de abril de 2014
Vacinação contra HPV: da faixa etária à segurança, esclareça as dúvidas relacionadas à campanha
Iniciada no dia 10 de março, a campanha de vacina contra o HPV já imunizou em todo o Estado do Rio de Janeiro 168.662 meninas com idades entre 11 e 13 anos. O número parece alto, mas representa apenas 42,49% do público-alvo*. A meta é atingir, até o dia 10 de abril, 80% desse público. Portanto, o momento é oportuno para falar sobre questões levantadas no início da campanha que ainda possam trazer dúvidas para pais, mães e responsáveis.
Talvez a primeira dúvida seja justamente em relação à faixa etária das meninas que devem receber a vacina. A vacinação é uma medida preventiva, devendo ser adotada antes da exposição ao vírus. Por isso, e também porque estudos evidenciaram que as adolescentes produzem resposta imunológica mais vigorosa, quanto mais cedo ocorrer a vacinação, melhor.
O Ministério da Saúde (MS) definiu, inicialmente, a faixa etária inicial de 11 a 13 anos, 11 meses e 29 dias para o ano de 2014. No ano de 2015, a faixa a ser imunizada será de 9 a 11 anos, 11 meses e 29 dias. Desta forma, em dois anos, meninas com idades entre 9 e 13 anos estarão imunizadas e a vacina passará, então, a fazer parte do calendário de rotina da criança e contemplará meninas a partir dos 9 anos.
É justamente a faixa etária o alvo de muitas das críticas direcionadas à campanha de vacinação do Ministério da Saúde. A vacinação de meninas novas poderia estimular a iniciação precoce da vida sexual? Este questionamento foi feito por muitos pais. Mas além de garantirem que não, há, necessariamente, a relação de uma coisa com a outra, os especialistas ressaltam a importância de proteger a saúde destas meninas.
“Talvez pela doença ser sexualmente transmissível haja a ideia de que protegendo as adolescentes elas estariam ‘liberadas’ para iniciar sua vida sexual. Porém, devemos lembrar pais e demais pessoas que a hepatite B também é transmitida por via sexual e todos devem ser vacinados nas primeiras horas de nascimento. É importante lembrar que a vacina protege contra o câncer de colo uterino e não contra as demais DSTs, sendo indispensável o uso do preservativo nas relações sexuais”, diz Rita Vassoler, Coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ).
O fato de se tratar de uma doença sexualmente transmissível também fez surgir polêmicas envolvendo algumas religiões contrárias à vacinação. “Toda campanha contra doença que tenha sua a transmissão ligada a sexo vai sofrer esse tipo de ação contrária, vide campanha da camisinha. É importante sempre que a informação sobre os benefícios que a vacina vai proporcionar seja superior às críticas. Buscar parcerias com instituições e divulgar todos os benefícios da vacina são as chaves para que a vacinação seja bem sucedida, reforçando sempre que o objetivo da vacinação é prevenir o surgimento do Câncer de colo uterino”, comenta Rita.
A segurança da vacina também foi questionada e, para este questionamento, a resposta veio da Organização Mundial da Saúde (OMS). Um documento do Comitê Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas (Global Advisory Committee on Vaccine Safety – GACVS), da OMS, confirma o que os médicos brasileiros já vinham afirmando: a vacina contra o HPV é segura. Claro que, como acontece com qualquer medicamento ou vacina, pode haver efeitos colaterais. “Mas os estudos demonstram que poucos casos foram relatados. Os sintomas mais comuns apresentados foram: dor no local da aplicação, edema e eritema. Mas também podem ocorrer casos de desmaio, cefaleia e febre”, relata a coordenadora da SES. Por isso, apenas gestantes e pessoas que apresentem hipersensibilidade a algum componente da vacina não devem ser vacinadas.
Vale lembrar que a vacina está em todos os postos de saúde e também foi adotada como estratégia, a vacinação dessas adolescentes nas escolas. “Para que a adolescente receba a vacina na escola, é necessária a autorização dos pais ou responsável, mas se a adolescente optar em ir a um dos postos de saúde, não há obrigatoriedade de autorização, somente a apresentação de um documento de identidade válido ou certidão de nascimento”, orienta Rita.
No entanto, ela lembra: “a vacina HPV é um dos métodos de prevenção contra o câncer de colo uterino causada por alguns tipos de vírus HPV (6, 11,16 e 18), mas existem outros tipos de vírus que também causam a doença HPV, sem levar ao surgimento do câncer de colo uterino, que devem ser prevenidos com a utilização de preservativos. Portanto, todas as adolescentes, vacinadas ou não, devem utilizar também preservativo em todas as suas relações”.
* Ministério da Saúde, Programa Nacional de Imunização. Atualização de 31/03/2014; dados sujeitos a alterações.
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