23 de julho de 2014
Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais: vacinação e diagnóstico precoce são aliados importantes na luta contra a doença
Uma doença silenciosa, mas perigosa. Assim pode ser definida a hepatite que, de maneira simplificada, é uma inflamação do fígado. Um problema que pode ser agudo ou crônico e que tem causas diversas. A mais comum é a infecção causada pelos vírus A, B, C, D e E. Neste caso, fala-se em hepatites virais, um sério problema de saúde pública no mundo todo. Tão sério que foi criado o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais (28 de julho).
“O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais é exatamente para reforçar as questões de prevenção em relação às hepatites”, diz Clarice Gdalevici, coordenadora estadual de Hepatites Virais. O dia 28 de julho é uma oportunidade para passar informação, reforçar a importância da prevenção e também refletir sobre duas questões importantes que são, ainda hoje, desafios na luta contra a doença: vacinação e diagnóstico precoce.
“As pessoas ainda têm uma noção de que hepatite tem a ver somente com alimentos e água contaminados. Isso existe, mas está relacionado às hepatites A e E, não às hepatites B e C, que são as que cuidamos na nossa área. Por isso, é importante reforçar que existe transmissão sexual da hepatite B. Em relação a C, não é sexualmente transmissível, e sim pelo sangue, mas a relação sexual aliada a outros comportamentos de risco aumenta muito o risco de transmissão”, explica Clarice.
Por isso, é imprescindível a prática de sexo com preservativo. Além disso, é importante observar cuidados de esterilização ou usar material descartável para fazer tatuagens e colocar piercing e usar material individual em manicures e pedicures e, no caso de usuários de drogas, não compartilhar seringas, agulhas, cachimbos e canudos.
Outra forma importantíssima de prevenção é a vacinação. A vacina contra hepatite B já faz parte do calendário oficial e está disponível nos postos de vacinação para todas as pessoas com até 49 anos de idade. Mas aumentar a cobertura vacinal ainda é um desafio. “A população precisa procurar as unidades para tomar as três doses da vacina. Mesmo sendo uma vacina antiga, ainda não se descobriu uma dose única. Isso também é uma dificuldade. Como são três doses, sendo a última seis meses depois, o esquema vacinal muitas vezes incompleto e não funciona”, alerta Clarice.
Outro desafio é tornar o diagnóstico precoce uma realidade. “É importante saber que a doença é silenciosa mesmo. Não vai aparecer logo o olho amarelo, nem urina escura e a única forma de saber se é portador do vírus é fazer teste. Se diagnosticar a hepatite já com cirrose ou câncer de fígado os recursos de tratamento vão ser muito limitados”, alerta Clarice. Com o diagnóstico, o portador de hepatite B ou C pode ser encaminhado para ser avaliado e fazer exames que definam o real estágio da doença e, se for o caso, iniciar o tratamento.
“Em saúde pública a questão de achar e testar tem a ver com a quebra da corrente de transmissão. Para cadeia de transmissão é muito importante que a pessoa saiba que é portadora e que o sistema de saúde saiba quantos são, de fato, os portadores”, completa. Clarice lembra, ainda, que as hepatites B e C podem sim ter cura. “O teste que detecta anticorpo vai ser positivo para o resto da vida, mas a cura existe. Novas drogas que estão sendo liberadas no exterior prometem 90% a 95% de cura. As que temos no momento, de 40% e 65%, depende do estágio da doença”, diz.