27 de outubro de 2015
Uma das primeiras pacientes diagnosticada com legionelose em Portugal, pede acesso a exames gratuitos
O surto de Legionella em Vila Franca de Xira foi o terceiro maior do mundo, com 14 mortes e 402 pessoas infectadas. Mas um ano depois ainda se aguarda o resultado das investigações da Polícia Judiciária (PJ) e do Ministério Público (MP), que está numa fase adiantada. Os que sofrem as consequências da infecção provocada pela bactéria e os que perderam família querem ajuda e saber quem é o culpado.
Rosa Taxeiro, 57 anos, foi uma das primeiras doentes a ser internada no Hospital de Vila Franca de Xira, por dez dias com pneumonia, em dezembro teve uma recaída e acabou nos cuidados intensivos. "Disseram que fiquei mal curada. Recuperei, mas não estou normal. Acho que devíamos ter acesso a seguimento gratuito e aos exames e medicamentos que precisamos", lamenta. O relatório da Direção-Geral da Saúde, do ano passado, referia que "ficou demonstrada a correspondência da estirpe de bactérias isoladas numa das torres de arrefecimento de uma unidade fabril local com a estirpe identificada em secreções brônquicas de doentes". Finaliza dizendo que "foram remetidos ao Ministério Público os elementos que poderão eventualmente consubstanciar a prática de um crime de poluição".
As empresas em Vila Franca de Xira para funcionarem têm de ter uma licença ambiental, emitida pela Agência Portuguesa do Ambiente, a quem remetem relatórios anuais com várias informações, incluindo sobre a bactéria Legionella . As análises tem de ser feitas por empresas certificadas. À Inspeção - IGAMAOT - cabe a fiscalização anual para as empresas consideradas de elevado risco e de três em três para as restantes, para verificação das condições da licença. O responsável explica que "existe um documento de referência da União Europeia para os operadores com torres de refrigeração que identifica a Legionella como um aspecto de risco. Não é suposto haver. Qualquer presença deve levar a atuação imediata". Com o surto, a inspeção (IGAMAOT) voltou ao terreno e detectou Legionella numa das torres. Toda informação foi entregue à PJ. Uma possível contraordenação está suspensa até prova da existência ou não de crime.
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