26 de novembro de 2015
Neuropediatra diz que casos de microcefalia indicam uma nova doença, PE
Sem estudos em toda a literatura médica que relacionem a infecção de gestantes pelo vírus zika com o nascimento de crianças com microcefalia, a neuropediatra Vanessa Van der Linden defende que os novos casos dessa deformidade no cérebro revelam uma nova doença, já que fogem do padrão conhecido. Oito estados do Nordeste e Goiás têm 739 casos suspeitos de microcefalia.
“Se é provocada pelo zika ou por outro vírus, ou outro agente, não sabemos. O que posso dizer é que os casos não seguem o padrão que a gente vê nas outras pacientes que têm infecção congênita e filhos com microcefalia”, explicou Vanessa, do Hospital Barão de Lucena, presidente da Associação de Assistência à Criança Deficiente do Recife.
Ela foi a primeira médica a buscar a Secretaria de Saúde de Pernambuco para alertar sobre o aumento do número de casos de crianças com o crânio menor que o normal. “Um dia, cheguei à UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e tinha três casos de crianças com a cabecinha assim, isso me deixou intrigada, normalmente a gente via uma a cada mês ou a cada dois meses”, relatou.
A neuropediatra esclarece que essa condição pode ter diversas causas, como agentes químicos e infecções por toxoplasmose ou pelo citomegalovírus. Cada causador provoca um quadro típico, como alteração na visão, na audição ou em outros órgãos.
Segundo a médica, em muitos desses novos casos os recém-nascidos têm comprometimento do coração, “mas a amostra ainda é muito pequena para dizer que está relacionado à nova doença”.
À medida que os casos foram chegando, a neuropediatra pedia exames para toxoplasmose e para citomegalovírus, e todos deram negativo. A especialista diz que recebeu informações de casos parecidos fora do Nordeste e que tudo deve ser bem investigado.
Segundo o Ministério da Saúde, apesar de ser um resultado importante, os dados atuais não permitem confirmar a relação da infecção pelo zika com a microcefalia. Essa correlação está sendo investigada em parceria pelo governo federal e os estaduais. Os primeiros casos de zika no Brasil foram registrados em maio de 2015.
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