03 de novembro de 2016
Avanço alarmante da sífilis no Brasil preocupa especialistas
APRESENTADOR CHICO PINHEIRO: Olha, agora, um assunto da área de saúde, um alerta. Médicos da área de controle de doenças sexualmente transmissíveis estão muito preocupados com o avanço alarmante da sífilis no Brasil. O número de casos aumentou dramaticamente nos últimos cinco anos.
REPÓRTER ANDRÉ TRIGUEIRO: Mãe aos 22 anos, o filho nasceu há cinco dias. Os dois têm sífilis.
ENTREVISTADA: Fiquei sem acreditar quando eu vi lá o resultado.
REPÓRTER ANDRÉ TRIGUEIRO: A doença foi transmitida pelo pai, que está preso. E a irmã mais velha, que está grávida, também está com sífilis.
A doença sexualmente transmissível se manifesta até dez dias depois do contágio com feridas sem dor nos órgãos genitais ou na boca. Até um mês depois, manchas vermelhas aparecem pelo corpo, principalmente nas mãos e nos pés, depois desaparecem. Mas quem tem a bactéria continua propagando a doença se não fizer o tratamento. Se a sífilis não for tratada na fase inicial, reaparece até 30 anos depois podendo causar demência e graves problemas no coração.
A incidência vem crescendo rapidamente no Brasil. A taxa de transmissão adquirida disparou de 2010 a 2015. Esse é o índice usado como referência pela Organização Mundial da Saúde. O número de notificações também teve um aumento expressivo nesse mesmo período.
Este médico culpa dois fatores principais: demora no diagnóstico e falta de proteção nas relações sexuais.
DIR. HOSPITAL GAFREE E GUINLE/FERNANDO FERRY: Então, essas relações sexuais sem preservativo é que são, talvez, a principal causa de transmissão da sífilis. Se todas as pessoas fizessem o diagnóstico e tratassem, a gente erradicava a sífilis no país.
REPÓRTER ANDRÉ TRIGUEIRO: O teste para sífilis é rápido, é de graça e é oferecido na maior parte da rede pública de saúde no Brasil. Basta uma espetadinha rápida no dedo. É feita a coleta do sangue na lâmina e, depois, a gente espera, no máximo, 20 minutos para saber o resultado. Se confirmado o diagnóstico, o tratamento é iniciado imediatamente, e o parceiro sexual também precisa tomar a medicação.
Mas a droga mais eficaz no combate à sífilis está faltando no mercado, a penicilina. O Ministério da Saúde disse que o problema está ocorrendo no exterior, com a baixa oferta de matéria-prima, dificultando a compra por estados e municípios.
DIR. DE DIVISÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE/ADELE BENZAKEN: Então, nós decidimos fazer uma compra centralizada, e foram comprados 2,7 milhões ampolas de penicilina benzatina. Esse remédio está sendo distribuído prioritariamente para tratar a gestante e seu parceiro sexual.
REPÓRTER ANDRÉ TRIGUEIRO: A doença aumentou entre gestantes e está provocando mais mortes de recém-nascidos. O número de óbitos por sífilis congênita, transmitida ao bebê pela mãe, mais do que dobrou de 2010 a 2015. A mãe que entrevistamos no início da reportagem sabe que nem ela e nem o filho recém-nascido correm risco porque já estão sob tratamento.
ENTREVISTADA: Agora, eu vou sempre me proteger, até porque, agora, eu tenho o meu filho, e eu não queria ter passado isso para ele.
APRESENTADOR CHICO PINHEIRO: O Ministério da Saúde disse que vai reforçar as ações para facilitar o diagnóstico de mulheres grávidas e apressar o tratamento de pessoas infectadas com a sífilis.
ANNT, 2016