09 de novembro de 2016
Estudos da USP reforçam que podem existir genes que influenciam danos ao sistema nervoso pelo vírus zika
Resultados preliminares de um estudo da Universidade de São Paulo (USP) feito com bebês com microcefalia reforçam a hipótese de que podem existir genes que predispõem ou protegem o feto de desenvolver ou não a má-formação no caso de uma possível contaminação da mãe pelo vírus zika.
Desenvolvida pelo grupo da cientista Mayana Zatz, diretora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Célulastronco da USP e professora de genética do Instituto de Biociências da universidade, a pesquisa vem monitorando casos de gêmeos em que pelo menos uma das crianças tenha nascido com a microcefalia causada pelo zika.
“Estudamos oito pares de gêmeos de todo o país. Em seis casos, só um nasceu com o problema e, em dois, ambos os bebês foram afetados. Nos casos em que só um nasceu com microcefalia, os bebês eram dizigóticos (dois embriões). Nos outros dois, eles eram monozigóticos (um único embrião, que se divide), ou seja, com o mesmo DNA”, explica a especialista.
Diante do achado, os pesquisadores acreditam que, mesmo quando a mãe é contaminada pelo zika, é preciso que algum gene ou grupo de genes facilite a ação do vírus nos danos ao sistema nervoso. “Essa marca genética pode ser, por exemplo, alguma característica que permita a entrada do vírus na placenta ou, então, no caso de todas as placentas serem ultrapassadas pelo zika, algum gene que facilite a ação do vírus nos neurônios”, diz.
Para fazer a pesquisa, os cientistas da USP firmaram parcerias com universidades de Estados do Nordeste para ter acesso a uma amostra de bebês mais diversificada.
Sequenciamento. A partir das descobertas feitas até agora, os cientistas estão fazendo todo o sequenciamento genético dos gêmeos e de mais cem bebês afetados pela microcefalia para descobrir similaridades e contrastes e tentar chegar a possíveis genes que interfiram no desenvolvimento da microcefalia. O trabalho, no entanto, é demorado, e só deve ter resultados mais sólidos em um ano.
De acordo com Mayana, caso a hipótese seja confirmada, haveria a possibilidade de, por meio de testes genéticos, determinar quais mulheres têm maior predisposição de gerar um bebê com microcefalia caso infectadas pelo zika. “Outros estudos sobre zika e microcefalia já mostraram que a chance de uma mulher infectada dar à luz uma criança com a má-formação é de 3%. Precisamos descobrir o que determina que alguns tenham o problema e outros, não”, afirma.
http://www.cff.org.br/noticia.php?id=4147&titulo=Pesquisadores%20procuram%20gene%20que%20`ajuda`%20v%C3%ADrus