25 de novembro de 2016
Pesquisa sobre contaminação de indígenas pelo mercúrio é ampliada
Em parceria com a Universidade Federal do Amapá (Unifap), a Pontifícia Universidade Católica (PUC), a WWF-Brasil e o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) analisará a contaminação ambiental por mercúrio e os impactos à saúde em comunidades tradicionais e áreas indígenas do Amapá, provocada pela exploração do garimpo na região. O novo trabalho tem como base a pesquisa desenvolvida pela Ensp/Fiocruz na Terra Indígena (TI) Yanomami, divulgada no primeiro semestre deste ano.
Numa determinada aldeia da TI Yanomami, todos os indígenas avaliados apresentaram níveis de mercúrio em amostras de cabelo acima dos níveis aceitáveis pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O trabalho que se desdobra agora, coordenado na Ensp/Fiocruz pelos pesquisadores Paulo Basta, Sandra Hacon e Claudia Vega, tem como meta a construção de um Observatório de Mercúrio na Amazônia, cujo propósito é divulgar as pesquisas desenvolvidas na região, sobretudo em comunidades tradicionais, além de dar suporte à elaboração de políticas públicas. Segundo estimativa do Iepé, 7 mil indígenas vivem no Amapá.
O representante da WWF-Brasil revelou a existência de pesquisas, elaboradas pela própria organização, com foco na contaminação de peixes por mercúrio. Um desses estudos apontou presença do metal pesado em 81% das amostras analisadas. Esses dados podem indicar a contaminação em humanos. “Nas amostras de peixe em que se detectou presença de mercúrio, mais de 50% possuíam níveis acima do indicado pela Organização Mundial da Saúde como tolerante ou não prejudicial”, relatou.
Os professores da Universidade Federal do Amapá destacaram sua aproximação com os povos indígenas e reiteraram a importância em responder às demandas da população. “Esse retorno à população, previsto no trabalho, é fundamental, uma vez que, por estarmos presentes na região, possuímos grande vínculo com os povos indígenas”, afirmou O professor Carlos Sanchez, da Unifap (Universidade Federal do Amapá).
https://agencia.fiocruz.br/pesquisa-sobre-contaminacao-de-indigenas-e-ampliada