Quatro países estão ameaçados pela fome em 2017. "Nunca tinha havido mais de dois países ao mesmo tempo", diz o director adjunto do Programa Alimentar Mundial, Peter Smerdon. Chegaram a este ponto por causa da guerra o Iémen, o Sudão do Sul e a Nigéria; e a Somália devido à seca.

Há 20 milhões que podem morrer até ao fim do Verão, e perto de 1,4 milhões são crianças, avisa o director da UNICEF, Anthony Lake.

"Quando se chega ao estado de fome já é tarde para muitas pessoas", explica Smerdon à France 24. "É preciso que a comunidade internacional pressione os governos e os grupos rebeldes para impedir que estas regiões caiam em conflitos crónicos."

Os dois países mais afetados são o Iémen e a Nigéria. É no Iémen que há mais crianças severamente subnutridas, pelo menos 462 mil. Mais de dois terços da população, ou 18,8 milhões de pessoas, precisam de ajuda alimentar.

"Dois anos de guerra devastaram o Iémen, e milhões de crianças, mulheres e homens precisam de ajuda", sublinha o chefe das operações humanitárias da ONU, Stephen O"Brien. A pretexto da guerra civil entre o Governo e rebeldes xiitas, a Arábia Saudita lançou uma intervenção militar em 2015, que impede a chegada de alimentos.

Na Nigéria, há 450 mil crianças em risco no Nordeste, onde se concentra a acção do grupo islamista Boko Haram. Já há fome desde o fim de 2016 nas zonas mais remotas do estado de Borno. É impossível chegar às vítimas, pelo que a situação só vai piorar, avisa a UNICEF.

A seca deixou 185 mil crianças em risco extremo na Somália, e nos próximos meses devem chegar a 270 mil, enquanto no Sudão do Sul a guerra civil e a seca levaram três agências da ONU a declarar o país em situação de fome.

Fonte: Público