Depois de 23 dias de treinamento, cerca de 9,5 mil jovens do projeto Bombeiro Mirim, do Corpo de Bombeiros, que moram nas 19 comunidades pacificadas do Rio de Janeiro, saíram a campo, na manhã desta quinta-feira (9/2), para ajudar a combater o mosquito Aedes aegypti. A campanha Bombeiro Mirim Contra a Dengue, que vai até o próximo dia 16, consiste em visitas diárias desses jovens, com idades entre 12 e 16 anos, a residências, condomínios, praças e comércio, para alertar as pessoas sobre os perigos da existência de criadouros do mosquito e orientá-las sobre os riscos da doença.
Acompanhados de bombeiros militares, os participantes também distribuem material informativo, como ventarolas e panfletos, contendo dicas que aprenderam sobre prevenção e combate ao mosquito transmissor da doença.

- Os bombeiros mirins foram capacitados para abordar corretamente os moradores dessas comunidades. Eles poderão atuar como verdadeiros multiplicadores dessas ações – disse o coronel Mauro Domingues, diretor do departamento de ações comunitárias do Corpo de Bombeiros e coordenador geral do projeto.

Ao lado da subsecretária estadual de Vigilância em Saúde, Hellen Miyamoto, o coordenador geral acompanhou, nesta quarta-feira, na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, o início das ações do projeto nas comunidades pacificadas. Cerca de 70 meninos e meninas deste núcleo percorreram as ruas da comunidade para alertar os moradores sobre a ameaça, este ano, de elevação do número de casos por causa da chegada do vírus 4, contra o qual a maioria dos brasileiros não tem defesa. Eles orientam as pessoas sobre a forma mais prática de eliminar o perigo do contágio. Como o ciclo de vida do mosquito, do ovo à fase adulta, leva de sete a dez dias, basta fazer apenas uma vez por semana a verificação e a eliminação de um possível criadouro para interromper o ciclo e evitar o nascimento de novos transmissores.

– A pessoa vai gastar apenas10 minutos por semana de seu tempo para fazer uma varredura na casa ou condomínio e afastar esse inimigo da saúde – completou o coordenador geral.

Isabella de Moura da Silva, de 12 anos, é um dos participantes do projeto. Ela disse que assim vai poder ajudar o próximo e dar seguimento a um projeto de vida: ser uma bombeira militar. A paulistana, que veio para o Rio ainda bebê, mora na Freguesia, em Jacarepaguá.

– Além de estar salvando muitas pessoas da morte, porque a doença pode levar até à morte, estou salvando a minha vida. Explicar para as pessoas como combater a dengue é uma coisa muito boa – disse Isabella.

Aprender para ajudar foi o que motivou Cyro Renato da Costa, de 15 anos, morador da comunidade, a procurar o programa. Como o seu objetivo a longo prazo é fazer carreira na Aeronáutica, o rapaz acha que ser um bombeiro mirim vai ajudá-lo a se iniciar na disciplina militar.

– Também é uma forma de aprender primeiros socorros. E, quando descobri esta ação contra a dengue, vi a oportunidade de aprender mais sobre o assunto, sobre como se prevenir e aplicar isso no meu dia a dia – justificou o adolescente.

Dona Maria José Miguel de Melo, que mora no bloco 8 da localidade dos Apartamentos em Cidade de Deus, com o marido, uma filha e dois netos, foi uma das primeiras pessoas a receber a visita dos jovens. Ela garantiu que é cuidadosa em casa, mas, depois das explicações recebidas, disse que vai ficar atenta também aos vizinhos.

– Eles me explicaram que não adianta só eu eliminar criadouros se meu vizinho não fizer o mesmo. Vou ficar de olho neles – afirmou a dona de casa.

O Bombeiro Mirim Contra a Dengue é fruto de uma parceria entre o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e a Secretaria Estadual de Saúde, firmada este ano, por iniciativa do secretário de Defesa Civil e comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Soares, com o objetivo de aproveitar os jovens do projeto Bombeiro Mirim, durante as férias, e desenvolver em comunidades pacificadas o programa Dez Minutos Contra a Dengue. Durante o treinamento, os jovens também tiveram noções de civismo e cidadania, prevenção contra incêndio, acidentes domésticos e uso de drogas, prevenção a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e gravidez na adolescência, entre outros assuntos.