17 de março de 2015
Vacina contra dengue pode sair em 2016
Uma das principais dificuldades para desenvolver uma vacina contra a dengue é o fato de ela ter que proteger contra os quatro sorotipos da doença. Pesquisadores de várias instituições, incluindo duas brasileiras, estão trabalhando para superar esse desafio. O trabalho mais adiantado, neste momento, é o desenvolvido pela farmacêutica francesa Sanofi.
Em novembro do ano passado, foram divulgados os resultados de um estudo que envolveu 20.869 crianças e adolescentes da América Latina, inclusive do Brasil. Os resultados mostram que a vacina foi capaz de prevenir, em média, 60,8% dos casos de dengue em geral e 95,5% dos casos graves. A expectativa é que a vacina esteja disponível para a população no início de 2016. Os documentos necessários para o registro devem ser entregues para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda neste semestre.
A base do produto da Sanofi é a vacina contra febre amarela, que recebe um envoltório das proteínas que desencadeiam a resposta imunológica de cada um dos vírus da dengue. Para ser eficaz, ela deve ser aplicada em três doses, com intervalo de seis meses. A empresa já inaugurou uma fábrica em Lyon, na França, dedicada exclusivamente à produção de vacina contra a dengue, com capacidade de produzir 100 milhões de doses por ano.
Outra iniciativa é resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). O projeto já está na fase 2 de pesquisa clínica. Trata-se da segunda fase de testes com voluntários humanos (para submeter o produto à Anvisa, é preciso apresentar os resultados da fase 3, em que um número bem maior de voluntários recebe a vacina experimental). A ideia é que 300 voluntários sejam vacinados nesta etapa. Até o momento, 154 já receberam a vacina.
A vacina do Butantan e do NIH é feita com os próprios vírus da dengue, que foram modificados para que a pessoa desenvolva anticorpos contra os quatro sorotipos sem desenvolver os sintomas relacionados a eles. Os testes têm mostrado que bastará uma dose para que a vacina seja eficaz.
Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está envolvida em dois projetos de pesquisa na busca de uma vacina. Um deles, coordenado por Bio-Manguinhos, é resultado de uma parceria com a farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK). O outro, coordenado pelo Instituto Oswaldo Cruz, anunciou que deveria começar a testar a vacina experimental contra dengue em primatas no início de 2015.
A farmacêutica japonesa Takeda também está na corrida pelo desenvolvimento de uma vacina contra dengue. A empresa comprou, em 2013, a americana Inviragen, que estava desenvolvendo uma vacina contra a dengue. Testes clínicos de fase 1 e 2 vem sendo feitos nos últimos anos.
(Com informações de G1)