02 de setembro de 2016
Resistência a antibióticos leva a novas diretrizes para tratamento de infecções sexualmente transmissíveis
Novas diretrizes terapêuticas para o tratamento de três infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) foram emitidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em resposta à crescente ameaça de resistência aos antibióticos. A resistência dessas infecções sexualmente transmissíveis ao efeito dos antibióticos tem aumentado rapidamente nos últimos anos e reduzido as opções de tratamento.
Clamídia, gonorreia e sífilis são causadas por bactérias e geralmente curáveis com antibióticos. A estimativa é de que, a cada ano, 131 milhões de pessoas são infectadas com clamídia; 78 milhões com gonorreia; e 5,6 milhões com sífilis. Das três doenças, a gonorreia foi a que desenvolveu a maior resistência aos medicamentos. Foram identificadas cepas de N. gonorrhoeae multirresistentes que não reagem diante de nenhum dos antibióticos existentes. A resistência aos antibióticos em casos de clamídia e sífilis, embora menos frequente, também existe, fazendo da prevenção e do tratamento precoce essenciais.
Quando não identificadas e devidamente tratadas, essas ISTs podem provocar graves complicações e problemas de saúde em longo prazo para mulheres, como, por exemplo, doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica e aborto. Se não tratadas, a gonorreia e a clamídia podem causar infertilidade tanto em homens quanto mulheres. A clamídia, a gonorreia e a sífilis também podem duplicar ou triplicar o risco de infecção pelo vírus HIV. Uma IST não tratada durante a gravidez aumenta também o risco de natimortos e morte neonatal.
Gonorreia
A gonorreia é uma IST comum, que pode afetar os genitais, o reto e a garganta. A resistência aos antimicrobianos tem emergido e se expandido após a circulação de novas classes de antibióticos contra a doença. Por causa dessa resistência generalizada, os antibióticos mais antigos e mais baratos estão perdendo sua eficácia terapêutica contra a infecção.
A OMS orienta os países a atualizarem suas diretrizes terapêuticas nacionais sobre a gonorreia para enfrentar o grave problema da resistência aos antibióticos. As autoridades sanitárias nacionais devem monitorar a prevalência de resistência a esses medicamentos de diferentes estirpes N. gonorrhoeae que circulam na população.
Com as novas diretrizes, faz-se um chamado às autoridades sanitárias para que se aconselhem os médicos a prescreverem o antibiótico mais eficaz, em conformidade com as diretrizes da resistência local. Não se recomendam as quinolonas (uma classe de antibiótico) para tratar a gonorreia devido à frequência elevada da resistência.
Sífilis
A sífilis é transmitida por meio de contato com lesões nos genitais, ânus, reto, lábios ou boca, além de mãe para filho durante a gestação. Em 2012, a transmissão materno-infantil da sífilis provocou aproximadamente 143 mil mortes fetais precoces ou nascimento de bebês mortos; 62 mil mortes neonatais; e 44 mil nascimentos prematuros ou nascimento de crianças abaixo do peso.
Para a cura da sífilis, as novas diretrizes da OMS recomendam fortemente uma única dose de penicilina benzatina, um antibiótico injetado por um médico ou enfermeiro no músculo das nádegas ou na coxa do paciente infectado. Esse é o tratamento mais eficaz para a sífilis, sendo também mais barato que os antibióticos orais.
Clamídia
A clamídia é uma das infecções sexualmente transmissíveis bacterianas mais frequentes; muitas vezes, as pessoas infectadas pela doença também possuem gonorreia. Os sintomas incluem sangramento e sensação de queimação ao urinar; a maioria dos infectados não costumam apresentar sintomas. Mesmo em sua forma assintomática, a clamídia pode causar danos ao sistema reprodutivo.
A OMS pede aos países que iniciem imediatamente a implementação das orientações atualizadas, tal como recomendado na “Estratégia Mundial do Setor da Saúde contra as ISTs 2016-2021”, aprovada pelos governos na Assembleia Mundial da Saúde realizada neste ano. As novas diretrizes também estão em consonância com o Plano de Ação Mundial Sobre a Resistência aos Antimicrobianos, adotado pelos governos na Assembleia de 2015.
Prevenção
Vale lembrar que, quando utilizados de maneira correta e sistemática, os preservativos são um dos métodos mais eficazes de proteção contra as infecções sexualmente transmissíveis.