14 de dezembro de 2016
Ministério da Saúde adota nova técnica no tratamento de leishmaniose
A leishmaniose tegumentar é uma doença provocada por protozoários que se caracteriza por apresentar feridas indolores na pele ou mucosas. Tradicionalmente o tratamento era feito com aplicação, em grandes quantidades, de medicamentos contendo antimônio pentavalente por via intramuscular ou intravenosa, mas agora o Ministério da Saúde adotará o chamada “tratamento intralesional”. Neste novo tratamento, a injeção da mesma medicação é aplicada em menores doses e de forma subcutânea diretamente nas feridas.
O novo tratamento resulta em maior segurança para a saúde do paciente, pois o antimônio pentavalente pode ter efeitos tóxicos acumulativos. Enquanto que na alta dosagem o paciente sente sintomas adversos mais agressivos, chegando a interromper o tratamento, no intralesional isso fica reduzido. Isso sem diminuir a eficácia. Estudos indicam que a eficácia do novo tratamento é superior a 80%. A literatura brasileira ressalta que a média nacional para o tratamento convencional fica em torno de 70%.
Adoção do novo tratamento
Após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter reconhecido o tratamento intralesional em 2010, a Opas passou a aceitá-lo em seu Manual sobre Leishmanioses publicado em 2013, mas com algumas restrições. Em 2014, o Ministério da Saúde resolveu adotar o tratamento e convocou um grupo de especialistas do Brasil para discutir a questão.
Há mais de 30 anos, o Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) vem desenvolvendo o tratamento intralesional e o grupo envolvido no trabalho participou das discussões que levaram à redação final do Manual. A técnica que passará a ser adotada por todo o nosso Sistema de Saúde será a mesma desenvolvida no INI/Fiocruz com pequenas adaptações às recomendações da Opas. O novo Manual de Leishmaniose Tegumentar Americana deve ser publicado até janeiro de 2017.
Números da Leishmaniose tegumentar no INI e Brasil
Desde 2005 a Leishmaniose tegumentar está apresentando uma retração no número de casos em todo o país. Nos últimos 10 anos, o número de casos estava em torno de 30 mil casos anuais desde os anos 1990 e baixou para menos de 20 mil a partir de 2015, segundo informações do Ministério da Saúde. Entretanto, vale lembrar que nas décadas de 40 a 60 a doença era considerada praticamente extinta no país, mas na década de 70 ressurgiu.