16 de dezembro de 2016
Estudo aponta anormalidade em 46% das gestantes com zika

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade da Califórnia (UCLA) descobriram que as anormalidades provocadas pelo vírus zika em bebês antes do nascimento são mais variadas e frequentes do que se acreditava. O estudo sugere que os danos fetais provocados pelo vírus zika podem ocorrer ao longo de toda a gravidez e são muito mais variados do que apenas a microcefalia. Além disso, algumas anomalias só podem ser detectadas apenas semanas ou meses após o bebê ter nascido.
O novo estudo, publicado no New England Journal of Medicine, foi baseado em uma amostra maior de 345 mulheres do Rio de Janeiro, que foram inscritas de setembro de 2015 a maio de 2016. Destas mulheres, 182 (53%) tiveram resultado positivo no teste para zika no sangue, na urina ou em ambos. Além disso, foi descoberto que 42% das mulheres que não tiveram zika estavam infectadas com chikungunya e que 3% das mulheres com zika também foram infectadas por chikungunya.
Desta amostra inicial, os pesquisadores avaliaram 125 mulheres infectadas por zika e 61 não infectadas com o vírus que haviam dado à luz até julho de 2016. O estudo anterior foi baseado principalmente em descobertas pré-natais por meio de ultrassom, já a nova pesquisa avaliou bebês nascidos de gestações afetadas por zika usando exames físicos e ressonâncias cerebrais. Outra novidade diz respeito a possibilidade de diagnóstico da zika através do líquido amniótico.
A pesquisa dá continuidade a um estudo desenvolvido pela Fiocruz em março, que usou testes moleculares para encontrar uma associação entre a infecção por zika em mulheres grávidas e uma série de problemas incluindo morte fetal, crescimento fetal anormal e danos ao sistema nervoso central. Este é o maior estudo até aqui a acompanhar mulheres desde o momento da infecção até o fim da gravidez. Todas as mulheres foram inscritas antes de serem identificadas anormalidades em suas gestações.
Destaques da pesquisa
- Ocorreram nove mortes fetais em mulheres com zika durante a gravidez. Dentre essas, cinco foram no primeiro trimestre de gestação;
- Mortes fetais ou anormalidades em bebês foram verificadas em 46% dos casos de gestações de mães que testaram positivo para zika, em contraste com 11,5% das mulheres que testaram negativo para zika;
- 42% dos bebês que nasceram de mães infectadas por zika sofria de microcefalia, lesões cerebrais, calcificações cerebrais, lesões na retina, surdez, dificuldades para se alimentar, entre outras complicações;
- Os problemas foram verificados em todas as etapas da gravidez: 55% das mulheres infectadas no primeiro trimestre foram afetadas, 51% no segundo e 29% no terceiro.