18 de janeiro de 2017
Especialistas orientam sobre prevenção contra febre amarela
Especialistas do Ministério da Saúde (MS) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)seguem acompanhando a investigação de casos suspeitos de febre amarela silvestre em Minas Gerais. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) na sexta-feira (13/1), existem 20 casos prováveis de febre amarela silvestre, com dez óbitos prováveis. Ao todo, são 133 casos suspeitos notificados e 38 mortes suspeitas da doença em 24 municípios.
Doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquito, a febre amarela não é registrada em centros urbanos do Brasil desde a década de 1940. Os casos em investigação em Minas Gerais se referem à febre amarela silvestre, presente em regiões silvestres, rurais ou de mata no país. A febre amarela silvestre e a febre amarela urbana são causadas pelo mesmo vírus, mas são transmitidas por diferentes mosquitos.
Na febre amarela silvestre, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem o vírus e tem os macacos como os principais hospedeiros. A contaminação de seres humanos ocorre quando uma pessoa não vacinada é picada por um mosquito contaminado pelo vírus. Na febre amarela urbana, o vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti ao homem. Especialistas reforçam que o vírus nunca é transmitido de ser humano para ser humano.
Conforme o médico infectologista André Siqueira, integrante da equipe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), explicou à Agência Fiocruz de Notícias, apesar de a área acometida ser considerada área de potencial transmissão de febre amarela, sem ter havido expansão até o momento para novas áreas, o número de casos observados é acima do esperado leva a maior preocupação.
André Siqueira explicou que uma conjunção de fatores pode estar associada ao aumento de casos de febre amarela. “Todos relacionados a certa elevação da quantidade de vírus da febre amarela circulante em determinada região, valendo destacar: um aumento da população suscetível (não imune) tanto de humanos quanto de macacos; maior proximidade entre macacos, mosquitos e humanos que podem se dever a fatores ambientais, climáticos e/ou demográficos; e baixa cobertura vacinal”.
Sintomas
Restrita a algumas regiões do Brasil, a febre amarela tem como sintomas iniciais febre, calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Se não for tratada rapidamente, a febre amarela pode levar à morte em cerca de uma semana. De acordo com especialistas, não há tratamento específico para a febre amarela.
Vacinação
A vacinação continua sendo a principal medida de prevenção contra a doença, além do controle do vetor. A vacina é altamente eficaz e segura nos grupos indicados, conferindo, segundo orientação da OMS, proteção duradoura com uma única dose. O Brasil, no entanto, opta por recomendar e oferecer ao menos uma dose de reforço após 10 anos da primeira. Crianças abaixo de 6 meses, gestantes e idosos acima de 65 anos, bem como indivíduos em tratamento ou com condições que levem a depressão da imunidade, não devem tomar a vacina ao menos que haja recomendação explícita do médico.
Somente deve se vacinar quem reside em áreas com recomendação da vacina contra febre amarela ou que irá viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata dentro destas áreas. No caso de viagens, a vacina deve ser tomada com pelo menos dez dias de antecedência. Para residentes em áreas de risco, o Ministério da Saúde recomenda, para crianças, a administração de uma dose aos 9 meses de idade e um reforço aos 4 anos.
Para pessoas a partir de 5 anos de idade que receberam uma dose da vacina, é necessário um reforço; para quem que nunca foi vacinado ou não possui comprovante de vacinação, é preciso administrar a primeira dose da vacina e um reforço após 10 anos. Pessoas que já receberam duas doses da vacina ao longo da vida já são consideradas protegidas.