08 de fevereiro de 2017
Vírus Zika: o que tem sido feito para desenvolver uma vacina segura e eficaz
Entre as muitas etapas para desenvolvimento de uma vacina estão medidas que devem ser tomadas para garantir que ela seja segura e eficaz. Isso vale, claro, para todas as doenças. No caso do vírus Zika, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) tem monitorado o processo de pesquisa e desenvolvimento.
Não são poucos os estudos em andamento! Segundo dados da OPAS, em janeiro deste ano, cerca de 40 vacinas candidatas estavam em processo de pesquisa e desenvolvimento. Mas quais são as medidas adotadas para garantir que uma possível vacina contra a zika seja segura e eficaz? Confira, item por item, o que define a OPAS:
Público-alvo
Em emergências, os especialistas se concentram na prevenção da mais devastadora manifestação da doença. No caso da zika, a síndrome congênita do vírus zika, condição que ocorre em recém-nascidos e lactentes que foram expostos à infecção pelo zika no útero. Por isso, as mulheres em idade fértil são o grupo prioritário para vacinação. Homens em idade reprodutiva seriam a segunda população-alvo, mas isso dependeria da disponibilidade de recursos.
Vacina segura e eficaz
Uma série de medidas deve ser tomada para garantir que as vacinas contra qualquer doença sejam seguras e eficazes. Os requisitos exatos dependem da autoridade nacional responsável pela regulamentação da aprovação e licenciamento das vacinas, da gravidade da doença, da quantidade e distribuição da doença e da população-alvo.
No caso do vírus zika, após uma avaliação rigorosa em estudos pré-clínicos, as vacinas candidatas serão testadas em um pequeno número de voluntários (ensaios de Fase I e Fase II) para provar sua segurança e capacidade, além da dosagem necessária para produzir resposta imune, minimizando quaisquer efeitos colaterais. Os ensaios de Fase II e III precisam demonstrar que a vacina protege a população-alvo.
Status atual do desenvolvimento da vacina
Em janeiro de 2017, cerca de 40 vacinas candidatas estavam em processo de pesquisa e desenvolvimento. Cinco delas estão entrando, ou estão prestes a entrar, em ensaios de Fase I, nos quais a segurança da vacina e a capacidade de produzir uma resposta imune é avaliada. Espera-se que várias outras vacinas candidatas sigam para os ensaios de Fase I nos próximos meses.
Aceleração da pesquisa e do desenvolvimento
As atividades de pesquisa e desenvolvimento sobre o vírus zika são coordenadas pelo R&D Blueprint for Action to Prevent Epidemics, um plano de pesquisa e desenvolvimento para ações de prevenção a epidemias, da OMS. Trata-se de um plano estratégico que permite à comunidade de pesquisa e desenvolvimento e aos reguladores acelerar a disponibilidade de testes diagnósticos eficazes, vacinas e medicamentos que possam ser usados para salvar vidas de doenças para as quais existem poucas ou nenhuma contramedida médica. O vírus zika é uma das diversas enfermidades prioritárias que se beneficiam do Blueprint.
Vacina disponível
O registo da primeira geração de vacinas contra o vírus zika pode começar em 2 a 3 anos. Muitas autoridades reguladoras têm mecanismos fast-track, mecanismos que agilizam os trâmites, para revisão e aprovação de vacinas urgentemente necessárias.
Características de uma vacina ideal
A OMS está ajudando a moldar o desenvolvimento de vacinas por meio da criação de um perfil de produto-alvo para vacinas de uso emergencial. O perfil especifica as características mínimas e desejáveis para tais produtos. Por exemplo: é preferível a administração de uma dose única da vacina contra o zika. No entanto, são aceitáveis até duas doses. A vacina deve proteger por pelo menos um ano em um contexto de emergência, mas o desejável é a imunização por vários anos. A vida útil de uma vacina deve ser de pelo menos 12 meses a menos de 20° C.
Desafios de pesquisa e desenvolvimento
O desenvolvimento de uma vacina contra o vírus zika é complexo. Por exemplo, ainda enfrentamos muitas incertezas sobre a doença e suas complicações. Avaliar as vacinas candidatas em áreas com baixa transmissão não é fácil. É preciso desenvolver testes diagnósticos que possam diferenciar a infecção por zika de outras infecções virais semelhantes. Conseguir uma vacina segura e eficaz para mulheres em idade fértil poderia, no entanto, ser tecnicamente viável, com base na experiência com o desenvolvimento de vacinas para outros vírus semelhantes, como os da febre amarela, encefalite japonesa e encefalite transmitida por carrapatos.