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07 de março de 2017
Febre amarela: saiba mais sobre os vetores da doença

Febre amarela: saiba mais sobre os vetores da doença

O registro de surtos dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo deixou a população e os especialistas em alerta para a febre amarela. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), do início de 2017 até 24 de fevereiro, o Brasil registrou 326 casos confirmados de febre amarela, com 109 óbitos.

Até o momento, os dados indicam que as notificações estão associadas ao ciclo silvestre da doença, afetando pessoas que contraíram o vírus em áreas de mata ou em suas proximidades. Ainda segundo o MS, os casos de infecção urbanos não ocorrem no país desde 1942.

Os casos de febre amarela são classificados como silvestre ou urbano. O vírus transmitido é o mesmo, assim como os sintomas. A diferença é o mosquito transmissor. Enquanto nas florestas insetos dos gêneros Haemagogus e Sabethes disseminam o agravo, nas cidades, o Aedes aegypti, vetor da dengue, zika e chikungunya, tem potencial de transmissão.

Os mosquitos Haemagogus e Sabethes vivem na copa das árvores. Por isso, o alvo preferencial das suas picadas são os macacos, que compartilham o mesmo habitat. Assim, no ciclo silvestre da febre amarela, a circulação do vírus é mantida pela interação entre os vetores e os primatas, que são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus: é a partir da picada em primatas infectados que mais mosquitos podem contrair o vírus.

Segundo especialistas, nesse ciclo, a infecção humana ocorre de forma acidental. Ao entrar ou se aproximar de uma área de mata onde há epizootia (mortalidade de macacos), as pessoas não vacinadas podem contrair a infecção através de picadas de mosquitos Haemagogus ou Sabethes infectados, que eventualmente descem da copa das árvores para perto do solo.

Diferentes espécies de mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes podem transmitir a febre amarela em ambientes silvestres. No Brasil, as mais frequentes são Haemagogus janthinomys e Haemagogus leucocelaenus. Entre as espécies do gênero Sabethes, as mais comuns são Sabethes chloropterus e Sabethes albiprivus, mosquitos considerados vetores secundários do vírus, pois não são capazes de sustentar a circulação viral isoladamente, mas podem contribuir para a sua manutenção. Os dois gêneros de insetos podem ser encontrados em florestas de Norte a Sul do país.

Hábitos e aparência

Visualmente, Haemagogus e Sabethes são mosquitos bem diferentes. No entanto, seus hábitos apresentam semelhanças. No primeiro grupo, os Hg. leucocelaenus apresentam o tórax coberto de escamas escuras com uma faixa prateada longitudinal na parte superior, enquanto os Hg. janthinomys possuem o tórax coberto de escamas de tonalidade escura, que varia de verde-escuro a azul.

A olho nu, os Haemagogus se parecem com os Aedes, sendo que os Hg. leucocelaenus se assemelham especialmente aos Aedes albopictus por possuírem a mesma listra longitudinal no tórax. A principal diferença é que eles não apresentam listras brancas nas pernas. Por outro lado, os Sabethes chamam atenção pelo colorido metalizado, com tons de violeta, roxo, azul e verde.

Os Haemagogus e Sabethes são estritamente silvestres, sendo que os Sabethes são ainda mais seletivos na sua dispersão. Os vetores se concentram nos locais de vegetação preservada, e os Haemagogus podem ser encontrados ainda na periferia das florestas, nas chamadas franjas da mata, onde os Sabethes geralmente não se aventuram. Hg. leucocelaenus pode voar alguns quilômetros através de desacampados para atingir porções de mata isoladas pela ação do homem.

Haemagogus e Sabethes são mosquitos diurnos, assim como os A. aegypti. No entanto, enquanto a espécie urbana prefere picar no começo da manhã e no final da tarde, os vetores silvestres apresentam maior atividade do meio-dia até o pôr do sol, com alguns estudos indicando dois picos: das 12h às 14h e das 16h às 17h. Esses horários coincidem, muitas vezes, com a atividade humana na mata, tanto para trabalho, quanto para lazer.

Sazonalidade

A presença do vetor não é o único fator necessário para a ocorrência de casos de febre amarela. Para que a doença seja disseminada, é preciso haver também vírus em circulação e indivíduos suscetíveis, que possam ser infectados. Considerando esse tripé, os registros de febre amarela em áreas silvestres costumam ter um caráter sazonal, com ocorrência de surtos maiores em intervalos de cinco a dez anos.

Geralmente, os casos acontecem entre dezembro e maio, meses chuvosos em grande parte do Brasil, o que favorece a proliferação dos vetores. Além disso, embora haja registros da doença anualmente, epizootias de maior escala são observadas em intervalos de cinco a dez anos. Isso ocorre porque, após um surto, grande parte dos primatas infectados morre e aqueles que sobrevivem adquirem imunidade para o resto da vida. Com isso, a circulação da doença se torna limitada pela ausência de indivíduos suscetíveis e só volta a crescer conforme o número de macacos jovens, que não tiveram contato com o agravo, aumenta.

Prevenção

Considerando a área de circulação do vírus, a vacinação de rotina é recomendada em 19 estados brasileiros. Além disso, por causa do aumento no número de casos registrados no Sudeste desde o início do ano, há indicação temporária de imunização para o oeste do Espírito Santo, noroeste do Rio de Janeiro e oeste da Bahia. Pessoas que vão viajar para estas localidades também devem se vacinar com, pelo menos, dez dias de antecedência.

Foto: Josué Damacena/Fiocruz

Secretaria de saúde
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