17 de abril de 2017
Morte de macacos prejudica controle da febre amarela
O aumento nos casos de febre amarela em alguns estados brasileiros tem feito, segundo a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr), com que o país vivencie um dos períodos de maio maior mortandade de primatas da história. Além das mortes pela infecção pelo vírus, especialistas suspeitam que macacos estejam sendo mortos pela população. A situação é grave e prejudica tanto a implantação de medidas preventivas pelas autoridades sanitárias, quanto pode levar à extinção de espécies, causando danos a todo o meio ambiente.
As autoridades ambientais temem que as mortes por febre amarela somadas àquelas decorrentes de agressões contra os macacos possam levar à extinção de espécies, como aconteceu com o bugio-ruivo, em 2008 e 2009, no Rio Grande do Sul. Segundo o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente, o surto da doença afetou populações de bugio-preto (Alouatta caraya) e bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans), matando milhares de macacos, com registros de extinções locais, inclusive em unidades de conservação.
Macacos são vítimas, assim como os humanos
Os macacos são tão vítimas quanto os humanos. Mas eles têm, ainda um papel importante, o de sentinelas. Como eles são sensíveis ao vírus da febre amarela, a morte dos animais pela doença é um alerta aos órgãos de saúde sobre a necessidade de vacinação da população humana nos arredores. Ou seja, eles permitem aos gestores de saúde implantar estratégias preventivas, antes de o vírus atingir populações humana.
É sempre importante lembrar e destacar que a doença não é transmitida do macaco para os humanos. Os macacos, assim como os humanos são hospedeiros do vírus e não reservatórios da doença. Os vírus ficam vivos neles por um período de tempo muito curto. Os mosquitos silvestres são os responsáveis pela transmissão do vírus e por sua manutenção na natureza. Portanto, matar macacos para acabar com o vírus não só é uma estratégia ineficaz, como pode agravar o quadro de risco para a população.
Em comunicado, a SBPr ressalta que preservar os habitats naturais é essencial para o controle da febre amarela Como explica o órgão, desflorestar ou matar macacos não impede a circulação do vírus da febre amarela. Na verdade, o efeito é danoso para a saúde pública, pois elimina o papel de sentinela dos primatas, que, ao morrerem pela doença, avisam as autoridades sobre a sua ocorrência.
Animais doentes ou mortos
O Centro de Informação em Saúde Silvestre (Ciss/Fiocruz) orienta que, ao encontrar um macaco morto ou com comportamento estranho, deve-se contatar a secretaria municipal de saúde de sua cidade. Já no caso de maus tratos de macacos é possível denunciar pela Linha verde do Ibama (0800 61 8080) ou pelo e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br, inclusive podem ser encaminhadas fotos e vídeos que auxiliem na identificação do crime e de quem o cometeu.