07 de junho de 2017
Simpósio debate novas estratégias contra a hanseníase
Novos testes de diagnóstico, vacinas e uso preventivo de medicamento. Estes foram alguns dos assuntos discutidos durante o simpósio internacional Estratégias para Detectar e Interromper a Transmissão Global da Hanseníase, que reuniu especialistas nacionais e internacionais. Promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Fundação Novartis, o encontro aconteceu nos dias 30 e 31 de maio, no Rio de Janeiro.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, desde que a terapia com combinação de medicamentos foi introduzida nos anos 1980, o total de pessoas afetadas pela hanseníase caiu mais de 90%. No entanto, o objetivo de eliminar o agravo continua longe de ser alcançado. Em 2015, cerca de 210 mil novos casos foram detectados no mundo. No Brasil, segundo país com maior número de registros, atrás apenas da Índia, foram aproximadamente 28 mil novas notificações no mesmo ano.
Inovações no diagnóstico
Além de impedir o desenvolvimento de lesões graves, a detecção precoce da hanseníase é fundamental para interromper a disseminação da doença, uma vez que os pacientes param de transmitir a bactéria causadora da infecção logo que começam o tratamento. Com o objetivo de facilitar a identificação dos casos, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e o Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) trabalham no desenvolvimento de um kit para diagnóstico molecular do agravo. O método é baseado na identificação do DNA do microrganismo Mycobacterium leprae em amostras de lesões de pele ou coletadas da orelha dos pacientes.
Líder da equipe que sequenciou, pela primeira vez, o DNA do M. leprae, o pesquisador Stewart Cole, da Escola Politécnica Federal de Lausane, na Suíça, também trabalha no desenvolvimento de um teste rápido para diagnóstico molecular. Segundo ele, além de confirmar a infecção, a análise do genoma dos microrganismos pode orientar o tratamento dos pacientes e a vigilância da hanseníase.
Ações preventivas
Com foco na prevenção da doença em indivíduos com maior risco de infecção, o uso profilático de um medicamento está sendo testado em ensaios clínicos em oito países, incluindo o Brasil. Os testes foram iniciados depois que a administração de uma dose de rifampicina – antibiótico com ação contra o M. leprae que faz parte da terapia combinada para hanseníase – reduziu em 57% o número de casos do agravo entre contatos domiciliares de pacientes acompanhados em Bangladesh, na Ásia.
O desenvolvimento de uma vacina específica contra o M. leprae é outra iniciativa que vêm avançando nas pesquisas. Com sucesso nas avaliações em culturas de células e em modelos animais, um imunizante desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa em Doenças Infecciosas, dos Estados Unidos, deve chegar, em setembro, à primeira fase de ensaios clínicos, realizados com voluntários.