Mais do que um hábito, o tabagismo é uma doença crônica que pode causar mais de 50 outras patologias. O primeiro passo para se livrar do cigarro e, desta forma, prevenir tantos possíveis problemas é tomar a decisão de parar. Mas uma vez tomada a decisão de largar o cigarro, o fumante precisa se organizar, aprender a reconhecer "os gatilhos" que disparam a vontade de fumar e se afastar deles.

Alguns exemplos que jogam contra a cessação do tabagismo são manter o cigarro à mão, tomar café, o uso de bebida alcoólica e conviver com fumantes. Um dos gatilhos mais complicados é o álcool. Consumir bebida alcoólica, para o fumante que quer parar, é desafiador e ele nem sabe muito bem o motivo. O álcool é um complicador porque ele acelera o metabolismo da nicotina, ou seja, a fissura por cigarro volta mais rápido. Além disso, a bebida tira o autocontrole, atrapalha a decisão do fumante de não fumar, que acaba consumindo mais que o de costume.

Mas como driblar a vontade de fumar? Assim como o cigarro deve ficar longe, um ‘kit de salvação’ para vencer a fissura pelo cigarro deve estar próximo: água gelada, palitos de cenoura crua, água de coco, frutas geladas picadas, cristais de gengibre, pequenos cubos de gelo e picolés de frutas… Ou seja, substitutos saudáveis de baixa caloria que possam ajudar a driblar a vontade de fumar e manter o cigarro longe. Outra dica é escovar os dentes logo após as refeições.

Recursos para driblar a vontade

Além de escovar os dentes logo após as refeições, existem outros recursos que podem ajudar. "Chupar gelo e comer cubinhos de frutas geladas ajuda a se livrar da fissura. E vale ressaltar que essa vontade arrebatadora que toma conta do fumante só dura cinco minutos. Ele tem de se dar o direito de perceber que essa fissura é autolimitada", ensina a pneumologista.

Outros grandes aliados são a atividade física e exercícios respiratórios. A atividade física regular diminui a vontade de fumar. Em muito pouco tempo o ex-fumante vai se sentir estimulado, já que o ato de largar o tabagismo somado ao exercício melhora a disposição física, a respiração e a qualidade de sono, por exemplo.

Qual o melhor método para parar?

É melhor parar de uma vez ou deixar o cigarro aos poucos? A primeira opção vai causar abstinência? A segunda pode incentivar a recaída? Houve uma época em que a recomendação principal era a de que o fumante deveria largar o cigarro de forma abrupta. Com o tempo e novas pesquisas, verificou-se que alguns indivíduos se sentiam mais confortáveis e confiantes com a parada gradual, que pode ser feita de duas maneiras: reduzindo gradativamente o número de cigarros fumados por dia, ou adiando o horário de fumar o primeiro cigarro ao acordar.

Portanto, as respostas para as perguntas do parágrafo anterior não são as mesmas para todos os fumantes. O tratamento deve ser individualizado, respeitando o perfil de cada fumante. Mas uma boa dica pode ser diminuir a quantidade de cigarros diários até o dia marcado para “zerar”, quando o tabagismo será abandonado. É possível, por exemplo, separar, logo pela manhã, a quantidade estipulada para o dia. Se você fuma vinte cigarros, pode separar quinze. Depois, vai diminuindo gradativamente. Mas o tempo de redução não deve ser longo, afinal o foco é de fato a interrupção total do tabagismo.

Acompanhamento médico

Algumas pessoas precisam de acompanhamento médico e até de remédios para conseguir larga o cigarro, mas é importante ressaltar que quem deseja parar não deve comprar medicamentos por conta própria, como repositores de nicotina (em formato de adesivo ou chiclete) ou antidepressivos, que precisam de prescrição médica. Além disso, é importante lembrar que o eixo fundamental do tratamento de tabagismo é a abordagem comportamental, não é o medicamento. O ator principal do processo de cessação, não tem jeito, é o fumante.

O tratamento do tabagismo é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ligue para o número 136 e se informe em quais Unidades Básicas de Saúde e Hospitais de seu município o tratamento está disponível.