10 de novembro de 2017
ARTIGO Influenciadores com cigarros – propaganda disfarçada e ilegal
A inovação é uma das estratégias da indústria, atraindo cada vez mais o publico consumidor de seus produtos, uma de suas metas é alcançar novos usuários e manter a clientela fidelizada.
A criação de atrativos para os produtos já conhecidos ou até mesmo a remodelação, tendem a convencer e estimular a experimentação, além de cativar o publico já consumidor da substância.
Essa relação com o mercado consumidor, tende a garantir um ciclo evolutivo e a certeza de uma clientela satisfeita.
A produção de cigarros convencionais por suas companhias e o consumo crescente se difundem e se ramificam facilmente sem limites de idade, condições sócio econômica e culturais, nos chamam a atenção. As informações dos órgãos de saúde publica e regulamentadores do setor revelam uma crescente epidemia dos produtos fumígenos em todo o mundo, responsável por cerca de inúmeras mortes e doenças.
A Publicidade na era dos Influenciadores Digitais
O forte apelo através do Marketing e propaganda é um promotor e influenciador de hábitos e/ou tendências, sendo capaz de levar a iniciação, vício e manutenção do uso contínuo do cigarro.
Se não bastasse toda essa estratégia e expertise de mercado, nos deparamos com a “reinvenção do produto – cigarros eletrônicos e cigarros aquecidos”, acompanhado ainda de um misto de informações permissivas e controversas sobre sua eficácia. Lembramos que não existem evidencias e aprovação da comunidade cientifica para uso seguro, a título de redução de danos ou para auxiliar na cessação do tabagismo.
Estimular a iniciativa de abandono do fumo e a adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis é uma medida preventiva que contribui significativamente para a redução da incidência da morbimortalidade por câncer e doenças tabaco-relacionadas no Estado do Rio de Janeiro.
As redes sociais e a internet são o veículo ideal, tornando-se uma mídia hibrida, não necessariamente promotora de propaganda, ou campanha publicitária, gerando dúvidas, favorecendo um lançamento disfarçado de uma nova marca, como parece ser o caso da Kent.
Segundo a revista Exame, nas últimas semanas, fotos de pessoas com cigarros começaram a aparecer repetidamente no Instagram, sempre com uma mesma hashtag. As imagens parecem retratos, e os posts não são vistos como propaganda. São usados nos retratos os chamados influenciadores, pessoas que tem muitos seguidores e são potenciais em relação aos jovens, podendo ajudar a modificar o comportamento dentro do grupo.
As fotos vem com a hashtag, #aheadbr. Algumas com o perfil @ahead.br no Instagram. São mais de vinte pessoas diferentes que aparecem nos posts...
A Secretaria de Estado e Saúde do Rio de Janeiro faz um alerta através do Departamento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis DCNTs.
A identificação desse tipo informação veiculada através das redes sociais e canais de manipulação de massa (Que diz ser “uma rede que conecta jovens empreendedores, apoia iniciativas e inspira novas experiências na moda, música e design”).
Usando especialistas e pessoas de visibilidade para tornar o produto atraente, desejoso, vendável e estimulador do uso, deve ser vista com cautela e rejeição, sabendo que o produto comprovadamente gera males a saúde.
O Conar diz que fazer um post patrocinado no Instagram sem deixar claro o caráter de anúncio fere o acordo feito entre empresas, marcas e agências de publicidade e que tal ação é passível de investigação e posterior advertência.
Desde 2000, a lei federal 10.167 (que altera e complementa a lei 9.294 de 1996) proíbe publicidade de cigarro e derivados do tabaco em qualquer meio de comunicação, como outdoors, rádio, televisão, revistas e internet.
Artigo da área técnica do Programa Estadual do Controle de Tabagismo / DIVDANT / SVEA / SVS da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro