01 de fevereiro de 2018
MS lança campanha para incentivar diagnóstico precoce e busca ativa de casos de hanseníase
O Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Luta Contra a Hanseníase 2018. As peças da campanha, que serão veiculadas nacionalmente, trazem o slogan Hanseníase: Identificou. Tratou. Curou. O objetivo é alertar a população sobre sinais e sintomas da doença, estimular a procura pelos serviços de saúde e mobilizar profissionais de saúde na busca ativa de casos, favorecendo assim o diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a prevenção das incapacidades.
O público prioritário são homens na faixa etária entre 20 e 49 anos, parcela da população com maior número de casos diagnosticados. Também deve ser dada atenção especial ao público idoso, por se tratar de um grupo com alta taxa de detecção de casos novos com grau 2 de incapacidade físicas (incapacidades visíveis) causadas pela hanseníase. Para alcançar essa população, a sensibilização entre profissionais de saúde será fundamental, bem como a busca ativa de casos novos em espaços de convivência (ambiente domiciliar e social).
A campanha publicitária também enfatiza a importância de examinar as pessoas que convivem ou conviveram de forma continua e prolongada com os casos diagnosticados. Também alerta à população para buscarem os serviços de saúde ao menor sinal da doença, pois a transmissão se dá de uma pessoa doente sem tratamento para outra, por meio das vias aéreas. Em 2017, foram examinados 77,4% dos contatos registrados.
O enfrentamento da hanseníase baseia-se na busca ativa de casos novos para o diagnóstico precoce, tratamento oportuno, prevenção das incapacidades e investigação dos contatos, como forma de eliminar fontes de infecção e interromper a cadeia de transmissão da doença. O diagnóstico e o tratamento são ofertados pelo SUS, disponível em unidades públicas de saúde.
Projeto Abordagens Inovadoras
Uma das ações implantadas pelo Ministério da Saúde, em parceria com a OPAS/OMS, Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL), Movimento de Reintegração das pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN) e apoio da Fundação NIPPON do Japão, é o Projeto Abordagens Inovadoras para intensificar esforços para um Brasil livre da Hanseníase, com duração de três anos (2017-2019). Esta ação ocorre em 20 municípios dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí e Tocantins, os quais apresentam elevado número de casos novos em crianças, um dos critérios de seleção.
O projeto prevê capacitação dos profissionais de saúde na Atenção Primária; ampliação do trabalho para detecção de casos novos; fortalecimento dos centros de referência; redução da proporção de casos novos com grau 2 de incapacidade física, por meio do diagnóstico precoce e ações de prevenção de incapacidades; e enfrentamento do estigma e discriminação contra as pessoas acometidas pela doença.
O Ministério da Saúde também realiza, em parceria com estados e municípios, busca ativa de casos novos de hanseníase em alunos matriculados no ensino fundamental de escolas públicas, na faixa etária de 5 a 14 anos, para o diagnóstico precoce e tratamento nas unidades básicas de saúde. O tratamento é fornecido gratuitamente nas unidades básicas de saúde do SUS.
Casos
Em dez anos, o Brasil apresentou uma redução de 37,1 % no número de casos novos, passando de 40,1 mil diagnosticados no ano de 2007, para 25,2 mil em 2016. Tal redução corresponde à queda de 42,3% da taxa de detecção geral do país (de 21,19/100 mil hab. em 2007 para 12,23/100 mil hab. em 2016). O país registrou 25.218 casos novos da doença, com taxa de detecção de 12,23 por 100.00 habitantes, considerado de alta endemicidade.
A doença
A Hanseníase é uma doença crônica, transmissível e de notificação compulsória. Possui como agente etiológico o Mycobacterium leprae, capaz de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), apesar da baixa patogenicidade (poucos adoecem). Tem predileção pela pele e nervos periféricos, podendo cursar com surtos reacionais intercorrentes, o que lhe confere alto poder de causar incapacidades e deformidades físicas, responsáveis pelo estigma e discriminação às pessoas.