01 de setembro de 2018
Método detecta parasito da doença de Chagas em açaí
Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) padronizou uma técnica de análise capaz de detectar a presença do material genético do parasito causador da doença de Chagas em alimentos à base de açaí. O método pode contribuir para a investigação dos casos de transmissão por via oral, que atualmente representam quase 70% dos registros de infecção aguda no Brasil – forma da doença que pode ser fatal. Os resultados, obtidos a partir de uma colaboração entre pesquisadores do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foram publicados na revista científica Parasites and Vectors.
Para validar a técnica, o estudo partiu da análise de 140 amostras de alimentos à base de açaí comercializados em feiras e supermercados do Pará (entre 2010 e 2015) e do Rio de Janeiro (entre 2010 e 2012). A presença do material genético do Trypanosoma cruzi, parasito causador da doença de Chagas, foi detectada em 14 produtos, ou seja, 10% do total das amostras. O DNA do inseto que transmite o parasito – chamado de triatomíneo, popularmente conhecido como barbeiro – também foi identificado em uma das amostras.
Os autores destacam que a identificação do DNA do T. cruzi nos alimentos não implica, necessariamente, que havia risco de transmissão da doença, uma vez que o material genético pode ser detectado mesmo se os parasitos estiverem mortos e, portanto, incapazes de provocar infecção. De toda forma, os resultados indicam que as amostras foram contaminadas por T.cruzi presente em fezes ou fragmentos do inseto transmissor, que costuma habitar os açaizeiros.
Outra alternativa seria a contaminação por dejetos de animais silvestres, que podem participar do ciclo de transmissão do protozoário. Por isso, ainda que o método identifique apenas o material genético do T. cruzi, sem apontar se o protozoário está vivo ou morto, o achado é suficiente para acender um alerta sobre a necessidade de reforço das boas práticas de higiene e manufatura dos produtos derivados do açaí.
Parte das coletas foi realizada pelos órgãos de vigilância sanitária locais, e a possível contaminação foi verificada em produtos comercializados nos dois estados. O DNA do T. cruzi foi detectado em diferentes alimentos, incluindo frutos frescos, sucos de açaí e polpas congeladas (misturadas ou não com xarope de guaraná e frutas). Os pesquisadores ressaltam que o DNA do parasito foi encontrado em itens produzidos por indústrias de alimentos, que deveriam aplicar normas rígidas para garantir a segurança dos produtos.
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