06 de maio de 2014
Informe sobre realização de cultura e teste de sensibilidade no Estado do Rio de Janeiro
Em 2012, no Estado do Rio de Janeiro, foram notificados 14.505 casos de tuberculose, de todas as formas, e 739 óbitos. A taxa de incidência foi de 72 por 100.000 habitantes e a taxa de mortalidade, de 4,6 por 100.000 habitantes, sendo as mais altas do país. Em relação aos casos de tuberculose com baciloscopia positiva, a taxa de cura neste mesmo ano foi de 65,7%, quando a meta preconizada é de 85% e a proporção de abandono atingiu 13,8%, quando a meta preconizada é de, no máximo, 5%.
A situação dos casos de retratamento é ainda mais preocupante. Os casos de retratamento são aqueles que abandonaram o tratamento, uma ou mais vezes, e os casos que, mesmo tratados adequadamente, tiveram recidiva da doença e voltaram a tratar. A maioria dos casos do país e do Estado do Rio de Janeiro, de resistência aos medicamentos, originando os casos TBMR e XDR (tuberculose multirresistente e de resistência mais extensa), é de pessoas que já trataram e abandonaram uma ou mais vezes. É o uso inadequado de medicamentos que origina esta resistência. Em 2012, a taxa de cura para os casos de retratamento foi de 39,2% e o abandono 25,3%.
Para a detecção precoce dos casos de resistência as drogas, é fundamental que todos os casos de retratamento realizem cultura e teste de sensibilidade aos medicamentos de primeira linha, aqueles do esquema básico. Este é o grupo com maiores possibilidades de desenvolver tuberculose resistente. A cultura também é fundamental para o acompanhamento durante o tratamento destes casos.
A Cultura é um método de elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico da Tuberculose. Nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura do escarro pode aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença.
O exame de cultura para micobactéria é indicada, também, em casos de suspeita clínica e/ou radiológica de tuberculose com baciloscopia repetidamente negativa; suspeitos de tuberculose com amostras paucibacilares (poucos bacilos); suspeitos de tuberculose com dificuldades de obtenção da amostra; casos de tuberculose pulmonar em tratamento que persistem com baciloscopia positiva ao final do 2º mês em diante; suspeitos de tuberculose extrapulmonar e casos suspeitos de infecções causadas por micobactérias não tuberculosas.
Apesar desta recomendação, em 2012, o percentual da realização de exames de cultura nos casos de retratamento foi de apenas 24,3% no estado, muito abaixo do necessário para um estado que vem apresentando aumento dos casos de TBMR e XDR nos últimos anos (crescimento de 53% do total de TBMR e XDR no período de 2009 a 2012). Portanto, é necessário e urgente que os profissionais que atuam na rede de saúde e aqueles envolvidos no controle da doença solicitem cultura para os casos que tenham indicação.
A solicitação da cultura, quando enviada ao LACEN, deve ser realizada em formulário próprio e cadastrada no GAL (Gerenciamento de Ambiente Laboratorial – sistema on-line para cadastramento de exames de interesse para saúde pública), havendo a necessidade de preenchimento de todos os campos e, principalmente, a justificativa de realização do exame (esta justificativa é essencial para que o LACEN realize ou não o Teste de Sensibilidade aos Antibióticos, uma vez que não há necessidade de realizar este Teste nos casos que são somente para confirmação diagnóstica).
Atualmente, o tempo de espera para liberação do resultado para as amostras de cultura encaminhadas ao LACEN é, em média, de 40 a 50 dias. Já para liberação de resultados de cultura e Teste de Sensibilidade, o tempo é em média de 50 a 60 dias. O que significa mais agilidade e menor tempo de espera em relação aos últimos anos, em que o resultado demorava de 60 a 70 dias.
Portanto, reforçamos aos profissionais da rede de saúde do estado, que fiquem atentos aos casos de tuberculose que têm indicação para realização do exame de cultura para micobactérias e preencham o formulário adequadamente.
Para mais informações e dúvidas entrar em contato com tuberculose@saude.rj.gov.br ou (21)2333-3848/ (21)2333-3985.