O botulismo é uma doença não contagiosa, resultante da ação de uma potente neurotoxina. Apresenta-se sob três formas: botulismo alimentar, botulismo por ferimentos e botulismo intestinal. O local de produção da toxina botulínica é diferente em cada uma dessas formas, porém todas se caracterizam clinicamente por manifestações neurológicas e/ou gastrintestinais, podendo ter evolução grave, com necessidade de hospitalização prolongada. Para minimizar o risco de morte e sequelas, é essencial que o diagnóstico seja feito rapidamente e que o tratamento seja instituído precocemente por meio das medidas gerais de urgência.
O botulismo é uma doença grave, de alta letalidade, que deve ser considerada como uma emergência médica e de saúde pública. A suspeita de um caso deve desencadear a imediata comunicação entre os profissionais da área da assistência e técnicos de vigilância epidemiológica.
A pronta investigação epidemiológica é básica para prevenir outros casos porventura decorrentes da ingestão de uma fonte alimentar comum e que pode estar ainda disponível para consumo.
Modo de transmissão
O botulismo alimentar ocorre por ingestão de toxinas presentes em alimentos previamente contaminados e que foram produzidos ou conservados de maneira inadequada. Os alimentos mais comumente envolvidos são conservas vegetais, principalmente as artesanais (palmito, picles, pequi); produtos cárneos cozidos, curados e defumados de forma artesanal (salsicha, presunto, carne frita conservada em gordura – “carne de lata”); pescados defumados, salgados e fermentados; queijos e pasta de queijos e, raramente, em alimentos enlatados industrializados.
Ferimentos e a forma intestinal, mais incidente nas crianças menores de 1 ano.
Sintomas
A doença se caracteriza por instalação súbita e progressiva. Os sinais e sintomas iniciais podem ser gastrintestinais e/ou neurológicos. As manifestações gastrintestinais mais comuns são náuseas, vômitos, diarréia e dor abdominal e podem anteceder ou coincidir com os sintomas neurológicos. Os primeiros sinais e sintomas neurológicos podem ser inespecíficos tais como cefaléia, vertigem e tontura, sobrevindo logo em seguida alterações da visão (visão turva, dupla, fotofobia) e flacidez de pálpebras.
Os sinais e sintomas oculares são seguidos por fraqueza dos músculos responsáveis pela mastigação, deglutição e fala com modificações da voz (rouquidão, voz cochichada, afonia e/ou fala lenta) e distúrbios da deglutição. Ocorre também flacidez muscular generalizada, principalmente na face, pescoço (cabeça pendente) e membros, com dificuldade de movimentos. Uma característica importante no quadro cllínico do botulismo é a preservação da consciência. Problemas respiratórios e cardiovasculares podem ocasionar o óbito.
Aparecimento dos sintomas
O período de incubação, que é o tempo decorrido entre a ingestão do alimento contaminado e o aparecimento dos primeiros sintomas, pode variar de duas horas a dez dias, com média de 12 a 36 horas. Quanto maior a concentração de toxina no alimento ingerido, menor o período de incubação
Duração dos sintomas
O botulismo pode apresentar progressão por uma a duas semanas e estabilizar por mais duas a três semanas, antes de iniciar a fase de recuperação. Esta fase tem duração variável, que depende da formação de novas sinapses e restauração da função. Nas formas mais graves, o período de recuperação pode durar de 6 meses a 1 ano, embora os maiores progressos ocorram nos primeiros 3 meses após o início dos sinais e sintomas.
O que fazer em caso de sintomas
Procurar atendimento médico hospitalar imediatamente.
Prevenção
As recomendações específicas de prevenção, para as donas de casa e demais manipuladores de alimentos são:
- observar sempre a data de validade dos alimentos e seu registro no Ministério da Saúde (MS);
- não oferecer mel ou xarope de milho para crianças menores de um ano, pois a defesa a nível intestinal ainda não está suficientemente desenvolvida, e estes produtos podem veicular esta bactéria.
- o produto industrializado em conserva, quando suspeito, deve ser fervido ou cozido por 15 minutos, antes de ser consumido, uma vez que a toxina é destruída pela ação do calor;
- as conservas caseiras não oferecem segurança, e se forem consumidas, devem ser fervidas antes por 15 minutos;
- devem ser descartados os vidros embaçados, com cheiro, as latas estufadas, etc. porque com certeza estes sinais são de contaminação por outros micro-organismos, também nocivos à saúde. Contudo, pode haver conservas, sem estas características, com toxina botulínica, pois a mesma, não altera a cor, o sabor e o aspecto. Por isso, quando não há certeza de garantia de qualidade do produto, a prevenção utilizando-se da fervura prévia (15 minutos) será a melhor maneira de se evitar o botulismo.
Liberação de soro antibotulínico
IPEC (Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas) / FIOCRUZ
Av. Brasil, 4365 – Manguinhos (Rio de Janeiro)
Pavilhão de Assistência Farmacêutica
Telefone geral do Serviço de Farmácia:
21 3865-959521 3865-9595/3865-9549/3865- 6549
Fax: (21) 2260-4427
Telefone da Chefia do Serviço de Farmácia: (21) 3865-9636(21) 3865-9636
Horário de funcionamento: 24 horas
Responsável: Farmacêutico Ms: José Liporage Teixeira
Celular: (21) 7855-0622(21) 7855-0622
E-mail: jose.liporage@ipec.fiocruz.br
Orientações:
- Telefonar para informar sobre a solicitação e receber as instruções necessárias
- Providenciar os dois documentos que serão entregues no ato do recebimento do soro:
1) Receita Completa
- Nome completo
- Nº do prontuário ou boletim de atendimento
- Peso do paciente (se possível)
- Os detalhes da prescição, ou seja, concentração, quantidade, posologia, gotejamento.
- Data
- Carimbo e assinatura
2) Termo de responsabilidade
Também carimbado e assinado pelo médico, nele deve constar que: - O soro solicitado (escrever que se trata do soro antibotulínico) será utilizado somente para o paciente vinculado ao pedido (escrever o nome do paciente) e estritamente para a indicação clínica citada.
- Assume-se a responsabilidade de notificar o caso à Vigilância Epidemiológica (se não houver setor de VE na Unidade de Saúde que está fazendo a solicitação, notificar à Secretaria Municipal de Saúde do município de atendimento).