19 de novembro de 2015
Microcefalia: relação com zika reforçada em mais um indício
Mais um aspecto pode reforçar a tese de que os casos de microcefalia registrados no Nordeste este ano tenham ligação com a proliferação do zika vírus na região. Um boletim do Centro Controle e Doenças de Infecciosas da Europa de 2014 sugeriu que 72 casos de doenças neurológicas em adultos poderiam estar relacionados ao vírus. Essas casos foram registrados no final de 2013 e agora servem de apoio às novas pesquisas. Esse fator demonstraria que o vírus parece ter neuropropismo (afinidade) pelo sistema nervoso.
Pesquisador e colaborador da Fiocruz, o médico Carlos Brito integra a equipe que analisa a relação entre o micro-organismo e a malformação. Segundo ele, é como se o zika tivesse uma “predileção” por atacar o sistema nervoso central. Para Brito, outro indício que reforça a ligação entre zika e microcefalia é a alta dispersão dos casos da anomalia, registrados em mais de 70 cidades pernambucanas e sete estados do Nordeste. Só um mosquito teria a capacidade de dispersar um vírus dessa forma.
“O que faltava era uma confirmação de que o zika poderia levar à microcefalia. Agora, com esses dois casos na Paraíba, se confirma que sim, o zika pode levar. Mas não é só um aspecto que consolida a tese, são vários”, explicou Carlos Brito. O pesquisador se referiu às grávidas paraibanas cujos bebês foram diagnosticados com microcefalia durante a gestação. Amostras coletadas nas duas confirmaram a presença de zika no líquido amniótico. Ainda segundo Brito, na Polinésia Francesa se observou o aumento de problemas neurológicos que poderiam estar relacionadas à zika em 2013. “No Brasil se percebeu um aumento grande do número de quadros neurológicas após epidemia de zika, o que ainda está em investigação.”
Nesta quarta-feira (18), o ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou que se o zika for confirmado como causa a situação pode se estender para outros estados, além do Nordeste, e outros países. Marcelo Castro sentenciou: “Se a decisão for engravidar, o ideal é que todos os cuidados sejam adotados, antes e durante o período da gestação”, recomendou.
Em visita ao Brasil, a diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, afirmou nesta quarta (18/11) que a entidade está acompanhando de perto a investigação que está em curso no País. “Apesar de o achado (das grávidas da Paraíba) ser de grande importância, é preciso continuar o trabalho.” Neste momento, é tudo que as mães querem: que os profissionais de saúde descubram todas as hipóteses relacionadas à microcefalia.
Fontes: Ministério da Saúde e Fiocruz