04 de janeiro de 2016
Maior estudo em sobreviventes do ebola identifica principais problemas de saúde
O jornal norte-americano The New York Times contou a história em Maio último: Ian Crozier, um médico dos Estados Unidos que contraiu o vírus do ébola na Serra Leoa, e que sobreviveu à doença, acabou por passar algumas semanas de verdadeira aflição quando quase perdeu a visão do olho esquerdo. O oftalmologista que o seguiu já nos EUA descobriu, com surpresa, que ele ainda tinha vírus dentro do olho, causando uma inflamação que mudou a cor da pupila. Felizmente, a inflamação foi debelada e o olho voltou à sua cor normal.
Mas o susto que Ian Crozier apanhou não é um caso isolado. Muitas pessoas que adoeceram com o vírus do ébola durante a epidemia que, durante 2014 e 2015, afectou a África Ocidental, tiveram problemas ligados à doença como infecções nos olhos, dores nas articulações e problemas de audições, conclui o mais completo estudo feito até agora e que foi publicado na última edição da revista científica Lancet Infectious Disease.
O que os investigadores estão a concluir é que deverão existir “santuários” no corpo humano onde o vírus consegue permanecer meses depois de a infecção ter sido debelada na corrente sanguínea pelo sistema imunitário. Mas o vírus mantém-se seguro em lugares como o interior do olho ou nos testículos, órgãos que têm barreiras para o sistema imunitário, o que traz riscos.
Embora o vírus não possa saltar do interior do olho para outra pessoa, o esperma de um homem que teve ebola pode ainda conter vírus, e infectar pessoas com quem tenha relações sexuais. Na semana passada, um comunicado da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado após a oitava reunião do comité de emergência para o ebola, alertava para estas questões.
“Entre Março e Novembro de 2015, houve dez novos surtos que resultaram da reintrodução do vírus do ebola na população que estava em convalescença”, lê-se no comunicado, citado pelo publico.pt. “O surto mais recente ocorreu na Libéria, com três casos identificados entre 19 e 20 de Novembro de 2015.”
Estes foram os últimos casos de ébola da pior epidemia de sempre deste vírus. A 13 de Dezembro de 2015, a OMS contava 11.315 mortos entre as 28.640 pessoas infectadas pelo vírus, a enorme maioria na Guiné-Conacri, na Libéria e na Serra Leoa.