22 de janeiro de 2016
Capital registra 92 casos de microcefalia, RJ
A cidade do Rio concentra hoje mais da metade dos casos de microcefalia, que pode estar relacionada ao vírus zika, notificados em todo o estado. Somente na capital, desde outubro foram registrados 92 bebês (tanto fetos na barriga da mãe quanto já nascidos) com malformação, segundo a Secretaria municipal de Saúde. O total corresponde a 55,4% do verificado no Estado do Rio, onde os casos chegam a 166, como informou a Secretaria estadual de Saúde.
No município, houve um aumento de 12% na quantidade de notificações em relação à atualização anterior, feita em 12 de janeiro, quando foram identificados 82 bebês com microcefalia.
A quantidade de casos da doença vem crescendo no Rio. Dados divulgados anteontem pela Secretaria estadual da Saúde revelam um aumento de 19% em todo estado, quando comparado com informações do boletim anterior, de 13 de janeiro, que totalizava 139 casos. A microcefalia foi declarada como uma epidemia no país em novembro do ano passado, e, desde então, os órgãos de saúde têm intensificado a campanha de combate ao mosquito Aedes aegypti , agente transmissor do vírus zika.
Na cidade do Rio, os registros de pessoas com suspeita de zika, de outubro até o momento, chegam a 202. Em janeiro deste ano, foram 3.526 ligações sobre o Aedes aegypti , um aumento de 703% em relação ao mesmo mês de 2015, com 439 chamadas.
O Rio espera receber cerca de 1,026 milhão de turistas entre 5 e 14 de fevereiro, dos quais 30% deverão vir de outros países. A grande quantidade de pessoas preocupa especialistas em saúde, já que a festa pode acabar exportando para outros países o vírus zika.
Admite-se a hipótese de que os vírus zika e da chikungunya tenham entrado no Brasil na época de outro grande evento, a Copa do Mundo - afirma o infectologista Juvêncio Furtado, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
De acordo com ele, a ocorrência de chuvas e o acúmulo de lixo durante o carnaval podem aumentar a proliferação do mosquito. O clima quente, que faz com que as pessoas usem pouca roupa durante o verão e se exponham mais ao vetor, também pode contribuir para a transmissão de doenças.
Membro da Academia Brasileira de Medicina, o professor de infectologia da UFRJ Celso Ferreira diz: o carnaval pode ser um complicador para países onde o vírus não existe, mas há o mosquito. Há casos descobertos recentemente nos Estados Unidos e isso mostra que o vírus viaja e não precisa de passaporte nem de visto.
Fonte: O Globo