14 de março de 2016
Os desafios de pacientes com microcefalia
Antes mesmo de a microcefalia tomar as páginas dos jornais devido à possível correlação da doença com o surto de zika, mães de crianças portadoras da malformação no cérebro já enfrentavam os desafios indesejados. Os pequenos pacientes niteroienses encaram diariamente momentos duros e dolorosos, mas também de alegria, como quando conseguem responder a um estímulo com um sorriso e um olhar de reconhecimento endereçado às mães. Cada progresso é comemorado como a chegada do homem à Lua, algo inédito.
Essa foi a sensação de Flávia Martins quando a filha Sofia Maria Vitória, de 4 anos, passou a se alimentar sem sonda:
- Foi uma grande alegria. As conquistas não são rápidas, mas têm acontecido graças à estimulação precoce, que começamos quando ela tinha oito meses.
A menina é paciente na Associação Fluminense de Reabilitação (AFR), em Icaraí, onde faz terapias com acompanhamento de equipe médica multidisciplinar, a fim de melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida.
- A reabilitação é assim: um dia de cada vez. Os progressos são lentos, e a dedicação das mães é essencial. Se elas não aparecem para o tratamento, vamos atrás - afirma Sildésia de Oliveira, assistente social da AFR.
A Associação Fluminense de Amparo aos Cegos (Afac), no Fonseca, também oferece estimulação precoce em seu centro de reabilitação, onde um bebê de seis meses, portador de microcefalia, faz tratamento. - Fiquei feliz quando meu filho nasceu. Ele tem o tempo e as dificuldades dele. E eu posso dar atenção e carinho - diz a mãe, que prefere não se identificar.
Quando soube da doença do filho, a mãe teve que mudar a vida completamente: deixou o emprego e passou a se dedicar à rotina intensa de terapias. - A família tem que ser incluída no processo. Quando percebemos algo diferente no desenvolvimento da criança, chamamos os pais para conversar - observa Aline Chuwarten, psicóloga da associação.
Fonte: O Globo