16 de março de 2016
Parlamentar dos EUA é da opinião de que países com zika deveriam liberar aborto.
Crenças religiosas não devem ser impedimento para o direito das mulheres de usar contraceptivos e de abortar em caso de fetos com microcefalia, afirmaram os parlamentares durante um evento sobre o vírus e suas implicações para os EUA realizado nesta terça (15), em Washington."Sabemos que são países católicos e que tem leis contra o aborto", disse a deputada federal Katherine Clark. "Mas até o papa já admitiu o uso de contraceptivos durante o surto."
Outra deputada, Susan Brooks, propôs incluir o vírus da zika na lista de prioridades da agência federal de medicamentos dos EUA para o desenvolvimento de tratamento e vacina contra a doença. Ela citou a preocupação com a grande quantidade de americanos que devem ir ao Brasil para a Olimpíada e disse que o investimento em pesquisa sobre o zika é não apenas uma questão de saúde, mas também de segurança nacional, já que um vírus pode virar arma biológica por obra de terroristas.
No Brasil, as crises econômica e política ajudaram a agravar o surto do vírus da zika, disse a socióloga Jacqueline Pitanguy, da organização Cepia (Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação), do Rio de Janeiro.Segundo ela, houve "cortes drásticos" nos recursos públicos disponíveis para a saúde.
A socióloga observou ainda que a crescente força de grupos religiosos no Congresso Nacional limita os direitos das mulheres e lembrou que o Brasil "tem uma das leis antiaborto mais restritivas do mundo".Além disso, afirmou, as prioridades políticas são outras. "O que o Brasil discute hoje é [a operação] Lava-Jato, disse.
O evento foi organizado por dois centros de estudo de Washington, Diálogo Interamericano e Instituto O'Neill de Direito de Saúde.
Fonte: Folha de São Paulo