17 de março de 2016
Evite repelentes caseiros e armadilhas para o Aedes aegypti, alertam especialistas
O avanço da epidemia de dengue e o surgimento de novas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti estimulam iniciativas populares que tentam frear a ação do vetor da dengue, zika e chikungunya. Entre os exemplos desse movimento estão o uso de remédios naturais, de “soluções” aprendidas na internet e a preparação de armadilhas caseiras. Porém, apesar de bem-intencionada, a tendência preocupa especialistas. Estruturas feitas com garrafa PET e tela, por exemplo, que prometem reter ovos do inseto, representam ameaça de efeito contrário, tornando-se criatórios de mosquitos caso não sejam vigiadas corretamente. Já receitas de repelentes caseiros à base de álcool, óleo mineral e cravo podem deixar o usuário vulnerável ao vetor.
Popular na internet, a “mosquitérica”, como é chamada a armadilha feita com garrafa PET, microtule, fita adesiva e uma isca já ganhou uma série de adeptos. A intenção é atrair o mosquito, que depositará ovos no local, e capturar a larva, que ficará presa na garrafa. Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde reiterou que a adoção de métodos caseiros não é recomendada, e que, se mal usados, esses recipientes se tornam ambientes propícios à proliferação do vetor.
Entre as iniciativas está o uso de própolis, homeopatia, vitamina B, chás e cápsulas à base de alho ou cebola, que teriam efeito repelente. Mesmo sem comprovação científica sobre receitas do tipo, o aposentado Cláudio Oliveira aposta no uso diário própolis e comemora o fato de não ter dengue há oito anos. “Vejo vários casos de pessoas próximas que tiveram dengue e me considero um privilegiado”, diz ele, que associa o resultado ao uso contínuo da substância. O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, alerta que é bom ficar longe de métodos sem eficácia comprovada no momento de epidemia. “Não existe a comprovação de que alimentos à base de algum ingrediente ou repelentes caseiros vão evitar a picada do mosquito”, afirma.
A eficiência do uso de óleos de orégano e de cravo para matar larvas, atestada por uma pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e da Fundação Ezequiel Dias (Funed), também é uma opção para combater a epidemia. O próximo passo do estudo será desenvolver a fórmula para um larvicida, que será colocado à disposição no mercado. Segundo o estudo, em contato com criatórios os óleos matam as larvas em até 24 horas. A expectativa é de que até o meio do ano a formulação já esteja pronta para ser apresentada à indústria.
Fonte : O Estado de Minas