21 de março de 2016
Pesquisa verifica se gene influi na má-formação, São Paulo
Enquanto vários grupos sequenciam o genoma do vírus para compreender diversos aspectos do zika, a geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano, da USP, tem uma proposta para estudar os genomas das crianças atingidas pela microcefalia ligada ao vírus.
Segundo ela, a ideia surgiu depois do registro de pelo menos cinco casos de mães infectadas pelo vírus que tiveram filhos gêmeos, mas apenas um deles desenvolveu microcefalia."Isso sugere que possa existir um componente genético que deu proteção a um dos gêmeos, ou aumentou a suscetibilidade do irmão que foi acometido", disse Mayana.
De acordo com a cientista, a prevalência muito maior da microcefalia no Nordeste pode indicar que, por algum motivo, a população local é mais vulnerável. Outra possibilidade é que, após alguma mutação, uma nova cepa do vírus seja mais virulenta. A análise comparativa dos genomas das crianças pode ajudar a eliminar as dúvidas, segundo Mayana.
"Já se conhece pelo menos 14 genes que são relacionados à microcefalia e que não têm nada a ver com a zika. Por isso, temos de nos perguntar: será que o zika interfere nesses genes? Ou será que nossa população tem uma presença maior de mutações em algum desses genes? O sequenciamento dos genomas da população pode ajudar a montar esse quebra-cabeças", disse Mayana.
Fonte: Agência Estado