28 de março de 2016
Pico da zika no Sudeste pode ser em abril
O nascimento de crianças com microcefalia no Sudeste do Brasil já é uma grande preocupação de médicos e do governo com o aumento de casos suspeitos de infecção por vírus da zika na região. Somados, os quatro estados registraram cerca de 6.500 casos suspeitos de zika até agora.
Em São Paulo, há ao menos 37 casos de crianças com microcefalia com características de associação ao vírus e 900 grávidas com suspeita de zika. No Rio de Janeiro, nove casos de má-formação no sistema nervoso de bebês foram confirmados; no Espírito Santo, há outros quatro casos confirmados; e em Minas Gerais, mais dois.
O pico de contágio em São Paulo e Rio de Janeiro, porém, ainda é esperado para abril e maio, épocas de elevação histórica da dengue, também transmitida pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti.
"Estamos prevendo uma expansão [do surto de zika e dos casos de microcefalia] nas regiões Sudeste e Centro-Oeste", explicou Claudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do MS.
Uma pesquisa da Fiocruz estima que o percentual de fetos com lesões neurológicas entre grávidas diagnosticadas com zika pode chegar a 29% -- no entanto, o número ainda é controverso. Um estudo restrospectivo feito na Polinésia Francesa apontou que a proporção seria de 1 para 100. Até o momento, o país tem 907 casos de microcefalia confirmados e mais de 4.200 em investigação.
O grande problema é diagnosticar a zika. A primeira dificuldade é que o teste disponível até o momento só funciona se aplicado na fase aguda da doença --e só a menor parte dos infectados apresentam sintomas-- e a segunda, mais grave, é que os convênios não pagam pelo exame genético de PCR, que é caro, e, na rede pública, não há testes suficientes nem mesmo para diagnosticar dengue.
"O Brasil não tinha uma infraestrutura laboratorial para atender a essa demanda." , diz Ricardo de Oliveira, secretário de Saúde do Espírito Santo. Até o momento, pouco mais de 20 laboratórios foram capacitados pelo Ministério da Saúde para realizar o exame genético (conhecido como PCR).
Alexandre Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado do Rio de Janeiro, aponta que a maioria dos bebês de mães infectadas por zika que estão acompanhadas pela rede pública vai nascer em março e abril, quando devem começar os testes para microcefalia e associação à infecção.
A gente já vem observando aqui no Rio um aumento do número de casos, é processo de investigação epidemiológica complexo, demorado. Há uma preocupação [com os casos de lesões neurológicas em fetos], por conta disso todas nossas campanhas estão muito focadas para gestantes" disse Alexandre Chieppe, da secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. No entanto, ele informa que nas últimas semanas houve uma redução do número de notificação de casos de infecção por zika em mulheres grávidas, apesar de uma expectativa contrária a isso. "Uma possibilidade é que haja maior prevenção individual das gestantes".
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