28 de março de 2016
Sudeste teve 34% mais internações por síndrome de Guillain-Barré
Sudeste teve 34% mais internações por síndrome de Guillain-Barré em 2015 que no ano anterior. O aumento dos casos chama a atenção por ser um possível indício da progressão da epidemia de zika, um dos vírus capaz de desencadear a complicação neurológica que paralisa músculos.
Apesar de o aumento do número de internações foi maior no Nordeste no mesmo período: 76%, o avanço no Rio de Janeiro (74%), Espírito Santo (93%) e Minas Gerais (37%) supera o crescimento médio no país, que foi de 29%. Em 2015, o Brasil registrou 1.868 casos de internação por síndrome de Guillain-Barré, uma média de mais de cinco internações por dia, segundo dados do MS. Desse total, 318 foram em São Paulo, 223 em Minas Gerais e 156 na Bahia.
Quando acontece uma epidemia, os quadros neurológicos são os primeiros a serem percebidos. São dois a três meses de epidemia e só depois de quatro a cinco meses começam a nascer crianças com microcefalia , disse Carlos Brito, pesquisador da UFPE. "Mas não basta entrar o vírus, é preciso ter uma epidemia, exposição grande da população e das mulheres grávidas". Rodrigo Gomez, neurologista da UFMG, lembra que a dengue também pode desencadear a doença e pode ser uma das causas do aumento de casos. Outro problema encontrado na análise dos números de SGB é que ainda não há uma base confiável de dados, pois a síndrome não era de notificação obrigatória anteriormente. Eram contabilizadas apenas as internações e não os casos, o que pode gerar duplicidade.
Gabriel de Freitas, neurologista do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, alerta que: "precisamos tomar cuidado porque tanto os números de microcefalia quanto de Guillain Barré eram subnotificados em 2014. Quando uma doença passa a ser conhecida, as pessoas prestam mais atenção e aumenta o número de notificações".
"No Sudeste, o aumento não foi tão grande, mas, é provável que nos próximos meses vejamos um aumento no Sudeste e Centro-Oeste e, depois, talvez na região Sul". Alguns casos estão sendo estudados a partir de agora no Sudeste e já há associações com a infecção por zika. "Já tem certamente dois casos que a gente estabelece alguma possibilidade de associação", diz Alexandre Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado do Rio de Janeiro.
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